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Venezuela detém um prefeito da oposição e condena outro à prisão

20/03/2014 09h19

Por Daniel Wallis e Esteban Israel

CARACAS, 20 Mar (Reuters) - Agentes de inteligência venezuelanos detiveram na quarta-feira um prefeito oposicionista acusado de estimular protestos violentos, e outro prefeito foi condenado a dez meses de prisão, em uma nova ofensiva do governo de Nicolás Maduro contra os adversários.

Antes disso, a Justiça havia exigido que prefeitos de oposição desmontem as barricadas instaladas por manifestantes, as quais se tornaram pontos nevrálgicos dos incidentes que já resultaram na morte de 31 pessoas nas últimas cinco semanas de protestos.

Daniel Ceballos, prefeito de San Cristóbal (oeste), uma das cidades onde os confrontos são mais intensos, foi detido pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) sob a acusação de promover uma "rebelião civil".

O ministro do Interior, Miguel Rodríguez Torres, que também dirige a Sebin, disse à TV estatal que Ceballos foi detido em cumprimento a um mandado de prisão expedido por um tribunal do Estado de Táchira.

"Este é um ato de justiça para um prefeito que não só descumpriu suas obrigações legais como também facilitou e apoiou toda a violência irracional nesta cidade", disse ele. "Nas próximas horas, ele será apresentado aos tribunais correspondentes para que se inicie o processo de julgamento."

Um assessor de Ceballos disse que ele foi detido em Caracas, onde participava de uma reunião de prefeitos oposicionistas.

San Cristóbal, com cerca de 250 mil habitantes, é o foco dos confrontos mais constantes entre manifestantes encapuzados, que interditam ruas com suas barricadas, e grupos formados por forças de segurança e radicais chavistas armados.

Torres disse que um agente da Guarda Nacional foi morto a tiro na quarta-feira na cidade durante "atos de vandalismo" realizado por manifestantes contra uma universidade militar.

Também na quarta-feira, a Suprema Corte condenou o prefeito oposicionista Enzo Scarano, de San Diego (Estado de Carabobo, região central), a dez meses e meio de prisão por descumprir uma ordem anterior para desmontar as barricadas dos manifestantes.

Em nota, a corte disse que Scarano será impedido de exercer suas funções de prefeito.

"Toda a nossa solidariedade a Enzo Scarano diante desta indescritível agressão", tuitou outro prefeito oposicionista, Ramón Muchacho, do município de Chacao, que faz parte de Caracas.