Premiê do Japão sofre revés após renúncia de duas ministras
Por Linda Sieg
TÓQUIO (Reuters) - Duas ministras japonesas renunciaram nesta segunda-feira, impondo ao primeiro-ministro Shinzo Abe seu maior revés desde que tomou posse em dezembro de 2012.
A renúncia das duas mulheres, incluindo a poderosa ministra da Economia, Indústria e Comércio, um dos cargos principais no gabinete, poderia complicar decisões difíceis sobre algumas políticas em estudo, incluindo a possibilidade de o governo levar adiante um plano impopular para elevar o imposto sobre vendas e a retomada das operações de alguns dos reatores nucleares do país, suspensas depois do desastre de Fukushima em 2011.
Abe espera conter os danos substituindo rapidamente as duas, mas a oposição vem criticando outros ministros potencialmente vulneráveis também nomeados em uma remodelação de gabinete no início de setembro. Outras renúncias podem levantar dúvidas sobre o próprio futuro de Abe, dizem alguns especialistas políticos.
A ministra da Economia, Indústria e Comércio, Yuko Obuchi, 40, filha de um ex-primeiro-ministro e apontada como forte candidata no futuro a se tornar a primeira mulher na chefia do governo no Japão, apresentou sua renúncia depois de alegações de que seus grupos de apoio utilizaram indevidamente fundos políticos.
Poucas horas depois, a ministra da Justiça, Midori Matsushima, também renunciou. O oposicionista Partido Democrata tinha apresentado uma queixa criminal contra Matsushima, acusando-a de violar a lei eleitoral com a distribuição de leques para os eleitores.
Obuchi e Matsushima eram duas das cinco mulheres nomeadas por Abe na remodelação do gabinete, um movimento destinado a aumentar a sua popularidade e mostrar seu compromisso com a promoção das mulheres como parte de sua estratégia para reativar a economia.
Obuchi estava encarregada de promover um plano impopular de Abe de recolocar em operação reatores nucleares, que enfrenta resistência da população, preocupada com sua segurança após o desastre de Fukushima. O processo para reiniciar a atividade dos reatores se torna agora mais difícil, mas é improvável que seja adiado por causa da renúncia dela, disseram autoridades.
“Há mais de dois (outros) ministros sobre os quais há suspeitas”, disse a repórteres Yukio Edano, segundo em comando do Partido Democrata. “Nós vamos coordenar nossas ações entre partidos da oposição, apontar os problemas e pedir explicações sobre os outros ministros.”
Ele não disse quais são os ministros nem explicou como a oposição planeja buscar explicações.
“Eu as nomeei e, como primeiro-ministro, tenho a responsabilidade”, disse Abe a repórteres em seu gabinete. “Peço desculpas profundamente às pessoas da nação.”
Abe disse a repórteres que escolheu Yoichi Miyazawa, de 64 anos, ex-vice ministro da Economia e sobrinho do finado primeiro-ministro Kiichi Miyazawa, para substituir Obuchi.
Ele selecionou Yoko Kamikawa, de 61 anos, ex-ministra de Igualdade de Gêneros, para a pasta da Justiça.
As renúncias foram as primeiras de ministros de Abe, que assumiu o cargo em dezembro de 2012, em um segundo mandato, prometendo reavivar a estagnada economia do Japão e fortalecer sua postura de segurança a fim de ficar à altura de desafios, como a China, que cresce cada vez mais.
(Reportagem adicional de Elaine Lies, Antoni Slodkowski, Kaori Kaneko, Kiyoshi Takenaka e Tetsushi Kajimoto)
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