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Dois soldados israelenses e um militar da ONU morrem em ataques entre Israel e Hezbollah

Por Jeffrey Heller e Sylvia Westall
Imagem: Por Jeffrey Heller e Sylvia Westall

28/01/2015 18h48

Por Jeffrey Heller e Sylvia Westall

JERUSALÉM/BEIRUTE (Reuters) - Dois soldados israelenses e um espanhol membro das forças de paz da ONU morreram nesta quarta-feira em uma troca de ataques entre o Hezbollah e Israel, em um dos mais violentos confrontos entre os dois lados desde a guerra de 2006.

Os soldados foram mortos quando o Hezbollah atirou cinco mísseis contra um comboio de veículos militares israelenses que transitavam na fronteira com o Líbano.

O integrante das forças de paz que servia junto às tropas da ONU que monitoram o sul do Líbano foi morto quando Israel respondeu com ataques aéreos e disparos de artilharia, disseram um porta-voz da ONU e autoridades espanholas.

O Hezbollah disse que uma de suas brigadas na área conduziu o ataque, que pareceu ser uma retaliação aos ataques aéreos realizados por Israel em 18 de janeiro no sul da Síria, nos quais vários membros do Hezbollah e um general iraniano foram mortos.

“Aqueles por trás do ataque de hoje vão pagar integralmente”, alertou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nesta quarta, em declarações transmitidas pela TV enquanto ele se reunia com chefes de segurança.

Os militares israelenses confirmaram as mortes dos soldados, afirmando que eles foram atacados enquanto dirigiam veículos civis sem identificação por uma estrada perto da cerca que demarca a montanhosa fronteira. Sete outros soldados ficaram feridos.

Andrea Tenenti, porta-voz da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil, na sigla em inglês), composta por 10 mil soldados, disse que a morte do soldado de paz estava sendo investigada.

O coordenador especial da ONU no Líbano pediu aos lados que contenham qualquer maior desestabilização da situação, enquanto o primeiro-ministro libanês afirmou que seu país estava comprometido com a resolução da ONU que encerrou a guerra de 2006.

A fronteira de 80 km tem permanecido relativamente calma desde 2006, quando o Hezbollah e Israel travaram uma guerra de 74 dias em que 120 pessoas morreram em Israel e mais de 500 morreram no Líbano.

“DECLARAÇÃO NÚMERO UM”

Netanyahu, que enfrenta uma eleição parlamentar em 17 de março, disse que Israel estava “preparada para agir poderosamente em todas as frentes”.

Ele acusou o Irã de tentar estabelecer uma “frente de terror” a partir da Síria através do Hezbollah, e disse que Israel estava “agindo agressivamente e responsavelmente contra essa tentativa”.

O Irã é um dos principais apoiadores do Hezbollah, um grupo xiita liderado por Hassan Nasrallah.

Em um comunicado, o Hezbollah chamou a operação desta quarta de “declaração número um”, indicando a possibilidade de mais retaliações em decorrência do incidente na Síria. Nasrallah deve anunciar na sexta-feira a resposta formal do grupo em relação ao ataque israelense de 18 de janeiro.

Em Beirute, tiros de celebração puderam ser ouvidos depois do ataque, enquanto os moradores dos subúrbios ao sul da cidade, reduto do Hezbollah, faziam as malas e se preparavam para uma retirada dos bairros que foram fortemente bombardeados por Israel em 2006.

Em Gaza, grupos militantes palestinos elogiaram o Hezbollah. Os Estados Unidos condenaram o “ato de violência” do grupo xiita e pediram a todos os envolvidos que evitem ações que possam levar a uma escalada da situação.

Com uma eleição se aproximando em Israel e o Hezbollah profundamente envolvido no suporte ao regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, na guerra civil síria, parece haver pouco interesse de ambos os lados por um conflito de grandes proporções.

(Reportagem Maayan Lubell, Luke Baker e Ori Lewis em Jerusalém, Laila Bassam e Oliver Holmes em Beirute, Julien Toyer em Madri e Suleiman Al-Khalidi em Amã)