Topo

Coreia do Norte diz ter desenvolvido bomba de hidrogênio mais avançada

Kim Jong Un (4º da esq. p/ dir.) inspeciona programa nuclear, em foto divulgada pela agência oficial - Divulgação/KCNA/Reuters
Kim Jong Un (4º da esq. p/ dir.) inspeciona programa nuclear, em foto divulgada pela agência oficial Imagem: Divulgação/KCNA/Reuters

02/09/2017 20h00Atualizada em 02/09/2017 22h33

A Coreia do Norte informou neste domingo (horário local) que conseguiu desenvolver uma arma termonuclear mais avançada, que tem "grande poder destrutivo" e será carregada em um novo míssil balístico intercontinental (ICBM) que os especialistas acreditam ter o alcance para atingir dos Estados Unidos.

O anúncio feito pela agência de notícias oficial KCNA acontece em meio ao aumento de tensão regional, após Pyongyang ter feito, em julho, dois testes com mísseis balísticos intercontinentais com potencial de alcance de cerca de 10 mil quilômetros, colocando muitas partes do continente norte-americano dentro do alcance.

Sob comando de Kim Jong Un, a Coreia do Norte tem buscado um dispositivo nuclear pequeno e leve o suficiente para se adaptar a um míssil balístico de longo alcance, além de torná-lo capaz de resistir à reentrada na atmosfera da Terra.

A Coreia do Norte "conseguiu recentemente" fazer uma bomba de hidrogênio mais avançada, informou a agência oficial de notícias KCNA.

"A bomba H, cujo poder explosivo é ajustável de dez quilotons a centenas de quilotons, é uma bomba nuclear termonuclear multifuncional com grande poder destrutivo, que pode ser detonada mesmo em altitudes elevadas para ataques de EMP (pulso eletromagnético) super poderosos de acordo com objetivos estratégicos", disse a KCNA.

"Todos os componentes da bomba H foram feitos internamente e todos os processos... seguem a filosofia Juche, permitindo, assim, ao país produzir quantas armas nucleares poderosas quiser", disse a agência, citando Kim. Juche é a ideologia governamental da Coreia do Norte, que é uma mistura de marxismo e nacionalismo extremo pregado pelo fundador do Estado, Kim Il Sung, o avô do líder atual.

Kim Jong Un, que visitou o instituto de armas nucleares do país, "assistiu uma bomba H ser carregada no novo míssil balístico intercontinental" e "determinou tarefas a serem cumpridas na pesquisa em armas nucleares", disse a agência oficial.

Imagens divulgadas pela agência mostraram que Kim examinava uma ogiva de cor prata, acompanhado de cientistas nucleares, e é possível ver pendurado em uma parede um diagrama com o conceito de seu míssil balístico de longo alcance Hwasong-14.

As tensões na península coreana estão altas desde o mês passado, quando a Coreia do Norte ameaçou lançar mísseis no mar perto de Guam, território estratégico dos EUA no Pacífico, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que Pyongyang enfrentaria "fogo e fúria" se ameaçasse os Estados Unidos.

A Coreia do Norte aumentou ainda mais as tensões regionais na terça-feira, lançando um míssil balístico de alcance intermediário sobre o Japão, levando à condenação internacional.

O anúncio da KCNA não mencionou os planos para um sexto teste nuclear.

Especialistas e funcionários disseram que a Coreia do Norte poderia realizar seu sexto teste nuclear a qualquer momento, e que o país manteve seu local de teste nuclear de prontidão para realizar outro teste de detonação.

A Coreia do Norte realizou, no ano passado, seus quarto e quinto testes nucleares, e disse que o quarto, em janeiro de 2016, foi um teste de bomba de hidrogênio bem-sucedido, embora especialistas externos digam que isso não foi comprovado.

Os terremotos desencadeados pelos testes nucleares norte-coreanos aumentaram gradualmente em magnitude desde o primeiro teste de Pyongyang, em 2006, indicando que o país está melhorando constantemente o poder destrutivo de sua tecnologia nuclear.

O quinto teste nuclear, em setembro de 2016, foi considerado possivelmente a maior detonação da Coreia do Norte, mas o terremoto causado ainda não indicava ser suficientemente grande para demonstrar um teste termonuclear.

Entenda o programa de mísseis norte-coreano

UOL Notícias