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Com 4 milhões de mortes por Covid-19, OMS pede cautela no relaxamento das medidas sanitárias

O diretor-geral da OMS voltou a destacar a desigualdade no acesso aos imunizantes - Denis Balibouse
O diretor-geral da OMS voltou a destacar a desigualdade no acesso aos imunizantes Imagem: Denis Balibouse

07/07/2021 16h44

A OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou que a pandemia de Covid-19 provocou, ao menos, 4 milhões de mortes no mundo desde seu início. Diante dos números dessa tragédia, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu cautela na reabertura e abandono das medidas sanitárias de controle da transmissão do coronavírus nesse momento "perigoso" da pandemia devido às novas variantes que aparecem.

Em uma conferência de imprensa nesta quarta-feira (7), o diretor-geral da OMS voltou a destacar a desigualdade no acesso aos imunizantes e, em consequência, o aparecimento de novas variantes do vírus, algumas mais contagiosas, como a Delta.

"Alguns países com altas taxas de vacinação planejam aplicar doses de reforço na sua população nos próximos meses e abandonam as medidas sanitárias de controle como se a pandemia de Covid-19 já tivesse acabado. No entanto, agravado pelo rápido surgimento de variantes e pelas chocantes desigualdades na vacinação, muitos países em todas as regiões do mundo estão vendo grandes picos de casos de Covid-19 e de internações", afirmou.

No mesmo tom, o chefe de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, pediu cuidado na decisão precipitada pela reabertura. "Eu gostaria de pedir extrema cautela sobre o levantamento de todas as restrições sanitárias e sociais neste momento, porque isso terá conseqüências", afirmou.

Ryan não quis comentar especificamente a decisão do Reino Unido, que deve abandonar todas as medidas sanitárias a partir de 19 de julho, mas comentou: "Esta ideia de que todos estão protegidos e estão cantando 'Kumbaya' e tudo voltará ao normal é uma suposição muito perigosa em qualquer lugar do mundo".

O médico irlandês explicou que assumir que "a taxa de infecção não aumentará por causa das vacinas é um erro", por conta das baixas taxas de vacinação, longe do percentual necessário para imunidade coletiva, e ao fato de não sabermos se uma pessoa vacinada pode transmitir a doença.

O diretor-geral da OMS voltou a defender a redistribuição de vacinas. "De um ponto de vista moral, epidemiológico ou econômico, agora é o momento do mundo se unir para sair coletivamente dessa pandemia", cravou.

Avanço da variante Delta

Na Europa, embora em boa parte dos países a vacinação contra a Covid-19 esteja liberada para todos os adultos e já tenha começado entre os adolescentes, o percentual de imunizados continua abaixo das expectativas.

O grande número de pessoas não imunizadas aliado à reabertura de espaços e eventos durante o verão têm provocado uma alta no número de casos de Covid e o avanço da presença da variante Delta.

Em Paris, o número de infecções semanais voltou a subir, após um longo período de queda, e passou o nível de alerta na França de 50 casos por 100 mil habitantes. O tipo predominante já é a Delta.

O governo francês, nesta quarta, voltou a pedir que a população se vacine para evitar novas restrições sanitárias. O governo de Emmanuel Macron não descarta uma quarta onda de casos ainda em julho.

Em Portugal, onde a variante Delta já é predominante, o governo foi obrigado a decretar toque de recolher em diversas cidades durante a temporada de verão por conta do aumento de casos.

Na Austrália, as autoridades anunciaram que o lockdown, em vigor em Sydney desde o final de junho, será prorrogado pelo menos uma semana, após o registro de 27 novos casos.

E no Japão, faltando duas semanas para os Jogos Olímpicos de Tóquio, o governo japonês planeja estabelecer um novo estado de emergência na capital durante os jogos (de 23 de julho a 8 de agosto), segundo a imprensa local. Seria o quarto estado de emergência decretado no Japão.

De acordo com dados compilados pela Opas (Organização Panamericana de Saúde), até 6 de julho, a Delta havia sido detectada nos Estados Unidos, Canadá e México, além de Argentina, Brasil, Chile e Peru.