Coronavírus

O que sabemos sobre a vacina Sputnik V até o momento?

Por Douglas Porto

Reprovada nesta segunda-feira por unanimidade por gerentes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por falta de documentação e possíveis riscos à saúde, a vacina russa Sputnik V traz consigo expectativa de 14 Estados e dois municípios que já entraram com pedidos de importação do imunizante.
Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo
O colegiado se reuniu extraordinariamente para cumprir decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski, que concedeu um prazo de 30 dias para que a agência reguladora decidisse sobre o uso do imunizante. A Anvisa chegou a recorrer do prazo, que venceria nesta semana, mas o ministro indeferiu o pedido nesta segunda.
Carlos Moura - SCO/STF

Onde surgiu

A Sputnik foi desenvolvida pelo Instituto Gamaleya. É aplicada em duas doses, com intervalo de até três meses.

Ela é armazenada em refrigeradores simples, com temperatura entre 2ºC e 8ºC. Segundo o Instituto Gamaleya, seu custo fica abaixo de US$ 10 (R$ 54 na atual cotação).

The Russian Direct Investment Fund (RDIF)/Handout via REUTERS

Como é feita

O imunizante é produzido com adenovírus humano modificado. O vetor é um vírus que não possui gene para reprodução e é utilizado para levar material genético de outro vírus que será combatido pela vacina.

Isso alerta o sistema imunológico, que aciona células de defesa e, desta forma, aprende a combater o Sars-CoV-2, o que protegerá uma pessoa se ela for infectada.

Fernando Zhiminaicela/ Pixabay

O primeiro grande problema é que este procedimento está em desacordo com o desenvolvimento de qualquer vacina de vetor viral. O que nós percebemos é uma falha na estratégia do controle de qualidade. A empresa não demonstrou que controla de forma eficiente os processos para controlar outros vírus contaminantes também.

Gustavo Mendes,
gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, sobre possíveis riscos da Sputnik V
Reprodução/YouTube

Testes russos

Durante os testes na Rússia, sua eficácia ficou em 91,6%. Foram 19.866 voluntários que receberam a primeira e segunda doses ou placebo, sem efeitos colaterais graves.

Sua aprovação aconteceu em agosto de 2020, mesmo antes da finalização dos testes de segurança, o que causou estranhamento em todo mundo. Ainda foi testada em outros países como Emirados Árabes Unidos, Índia, Venezuela e Belarus.

Getty Images

Eu chamo a atenção também para que a ausência de dados também é informação. A ausência de comprovação é considerada uma evidência, e uma evidência forte, sobretudo quando temos uma estimativa de população exposta ao risco que beira os 15 milhões de cidadãos.

Ana Carolina Marino,
gerente-geral de Fiscalização da Anvisa
Flickr

No Brasil

No Brasil não foram realizados testes. A União Química, farmacêutica responsável pela produção local da vacina, se baseou em aprovações de países como Argentina e Hungria para o pedido de liberação à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Os nove estados do Nordeste fecharam a compra de 37 milhões de doses da Sputnik V. Desse montante, a Bahia ficará com 9,7 milhões e o Maranhão com outros 4,5 milhões.

O governador do Piauí, Wellington Dias, presidente do Fórum de Governadores, colocou as doses à disposição do PNI (Plano Nacional de Imunização) caso haja autorização para uso emergencial da Anvisa.

Reprodução/Twitter
Publicado em 26 de abril de 2021.