UOL Explica

Estamos na terceira onda da pandemia ou a tormenta nunca passou?

Por Guilherme Castellar

Não dá tempo de respirar

Nem sequer o país se recuperou da última alta de casos e de ultrapassar o marco de 400 mil mortes causadas pela covid-19, já se começa a discutir o risco de uma terceira onda. Mas dá para falar em "ondas" na pandemia à brasileira?
Jorge Hely/Framephoto/Estadão Conteúdo

Ondas ou tormenta?

A questão, aqui, é que não há consenso entre os pesquisadores sobre se vivemos um modelo de "ondas epidêmicas" ou se estamos presos desde março de 2020 numa única tormenta que oscila para cima e para baixo.
Michel Dantas - 25.fev.21/AFP)

A onda ainda não quebrou

A preocupação existe pois a queda de casos e óbitos nas últimas semanas foi tímida, dizem epidemiologistas. Mas bastou para autoridades estaduais e municipais voltarem a flexibilizar medidas de restrição e contenção de propagação do novo coronavírus.
GUILHERME DIONíZIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Liberdade para o vírus

As consequências já começam a aparecer. Na maioria dos estados, o número de novos casos parou de cair e estabilizou num patamar elevado. Isso facilita a transmissão da doença pois há maior circulação de pessoas potencialmente contaminadas.

Keiny Andrade/UOL

Reversão de tendência

Não é só. Em alguns locais, especialistas em análise de dados epidemiológicos já apontam uma "reversão de tendência", com o número de registro de doenças voltando a crescer. É o caso de:

  • São Paulo
  • Rio de Janeiro
  • Paraná
  • Santa Catarina
  • estados do Centro-Oeste.

EDMAR BARROS/ESTADÃO CONTEÚDO

Não houve [2ª onda]. Houve recrudescimento da pandemia. E isso vai demonstrar um comportamento no Brasil: Quando tem uma pequena melhora, a pressão do comércio é grande, e a gente abre. A população recebe essa mensagem ao pé da letra: 'Podemos sair'. E aí aumenta o número de casos outra vez.

Drauzio Varella,
Médico oncologista
Fernando Cavalcanti

Conceito subjetivo

Para alguns pesquisadores, uma onda é marcada por uma forte alta no número de vítimas diárias de uma doença, seguida de uma queda acentuada até quase zerar os registros. Essas ondas são bem visíveis no Reino Unido, por exemplo.
John Sibley/Reuters

Pelo conceito de ondas [epidêmicas], o Brasil nunca saiu da primeira. Os óbitos cresceram até junho, depois caíram até outubro, mas para um patamar muito alto, de mais de 300 mortes diárias. E logo já voltam a subir, até o salto de fevereiro deste ano.

Isaac Schrarstzhaupt,
Cientista de dados e coordenador da Rede de Análises de Covid-19
Pilar Olivares/Reuters

Risco em alta

Há especialistas que acreditam uma nova onda exige um incremento de 40% ou 50% de mortes e óbitos frente ao patamar de redução alcançado. Por essa ótica, o Brasil teve duas ondas. Qualquer que seja o conceito, existe o risco de piora da pandemia.
EDMAR BARROS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Há sim a possibilidade de uma terceira onda e temos que fazer o máximo para evitá-la: aumentando a vacinação, conscientizando as pessoas da necessidade de cuidados preventivos e torcendo para que as variantes tenham menos impacto sobre a ação dos imunizantes.

Estevão Urbano,
Diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia
JURANIR BADARó/ESTADÃO CONTEÚDO
Publicado em 07 de Maio de 2021.
Edição: Clarice Cardoso