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Forme-se rápido e chegue à frente no mercado de trabalho

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Imagem: Shutterstock

03/05/2012 00h01

Quando me encontro com jovens e empreendedores esperançosos, seus projetos criativos frequentemente me recordam de que a internet mudou tudo, mas não reduziu o tempo necessário para se formar em um curso superior.

Nós podemos acessar informação quase ilimitada virtualmente de qualquer lugar urbano por meio de smartphones e tablets, mas o curso padrão de três a quatro anos permanece a regra na maioria das faculdades tradicionais. Claramente, parte do aprendizado não precisa mais ocorrer no campus, já que os estudantes podem aprender quase em qualquer lugar.
 
Eu famosamente abandonei o colégio aos 16 anos, de modo que não estou particularmente qualificado para comentar sobre este assunto. Mas, como empresário, estou interessado nas ineficiências dos sistemas educacionais, já que eles não mudaram apesar dos avanços na tecnologia.
 
De um ponto de vista prático, um estudante escrevendo um trabalho não precisa mais ir até a biblioteca e passar horas pesquisando livros de referência, fazendo longas anotações à mão que, depois, precisariam ser decifradas e transcritas em forma de ensaio, depois datilografadas. Hoje, muitos estudantes não precisam nem mesmo ir à biblioteca, optando por acessar a informação por meio de conexão wi-fi gratuita no café mais próximo. Levantar os fatos importantes pode levar minutos, enquanto a pesquisa para um trabalho sobre quase qualquer assunto costumava tomar no mínimo a metade de um dia.
 
Por que não ocorreu uma maior mudança no ensino superior? Porque as universidades estão presas à tradição, assim como nosso pensamento? O ensino superior tradicionalmente é obtido por um estudante que mora em um campus, e a continuidade dessa prática tranquiliza pais e alunos de que estão recebendo aquilo pelo que estão pagando, assim como as pessoas que visitam os escritórios de advocacia podem se sentir tranquilizadas ao verem paredes cobertas de livros de Direito (eu tenho certeza que poucos advogados ainda abrem esses livros, preferindo o acesso a bancos de dados pesquisáveis.)
 
Com governos de todo o mundo promovendo cortes na educação, os valores pagos pelos estudantes jovens estão subindo, com muitos optando pela tomada de empréstimos. Segundo o Departamento de Educação dos Estados Unidos, os estudantes de escolas públicas levam em média 55 meses para obter o diploma de bacharel. Apesar de isso poder ser idílico para estudantes que não têm pressa, para outros é um desperdício, ineficiente e caro.
 
Em muitos casos, a duração dos cursos universitários poderia ser encurtada em um ano ou mais. Isso permitiria aos jovens capazes ingressar mais rapidamente no mercado de trabalho e, em países onde não há muita assistência financeira disponível, com muito menos dívida de crédito estudantil, que pode limitar as opções dos estudantes após se formarem.
 
Ao longo dos anos, a Virgin se saiu bem em mercados onde as empresas do setor se tornaram preguiçosas e presas à rotina. Elas trabalham de um modo particular apenas porque “é assim que sempre fizemos”. Apesar de ser improvável que a Virgin ingresse no ramo de ensino superior (pelo menos, não por ora), este certamente me parece um setor onde uma reforma séria já deveria ter ocorrido.
 
No setor de aviação civil, um indicador chave de desempenho é o número médio de horas que seu avião passa no ar por dia. Aviões são caros: quando ficam parados no solo, você ainda tem que pagar o financiamento deles, mesmo que eles não estejam contribuindo para os lucros. Você fará um bom trabalho se mantiver seus aviões voando por pelo menos 12 horas por dia, presumindo que estejam cheios de passageiros pagando o mix certo de tarifas aéreas.
 
Os mesmos cálculos se aplicam aos custos fixos de quase qualquer negócio. Você poderia justificar o aluguel de seu prédio de escritórios se seus funcionários o utilizassem por apenas dois dias e meio por semana? É claro que não, mas esse é aproximadamente o equivalente ao uso anual da maioria dos campi universitários. Como uma companhia aérea trabalhando para melhorar o uso de um avião, é em grande parte uma questão de superar desafios de agendamento e mão de obra.
 
Nos Estados Unidos, os estudantes costumam assistir a cerca de 100 semanas de aula ao longo de três a quatro anos. Agora que o aprendizado à distância é possível e alguns trabalhos podem ser feitos mais rapidamente, dependendo do curso e das preferências dos alunos, isso poderia ser reduzido a 80 semanas ao longo de dois a três anos. Isso ainda deixaria tempo para os quatro meses de férias de verão e para empregos de verão. Enquanto isso, as faculdades e universidades poderiam usar suas instalações para ensinar outros alunos.
 
O mundo comercial acelerou e se tornou muito mais competitivo na última década; é hora de a academia fazer o mesmo. Não importa quão grandes sejam suas qualificações: se alguém no seu campo se formar um ano antes de você, ela estará à sua frente no mercado de trabalho. Então deixe as tradições de lado e chegue à frente!