A antimusa do Carnaval

Lívia Andrade rejeita ser a "certinha" na avenida: "Empoderada? Minha vida me fez assim"

Reportagem: Paulo Pacheco; Fotos: Iwi Onodera Do UOL, em São Paulo Iwi Onodera/UOL
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Sem descanso

Lívia Andrade deitada? Só neste ensaio exclusivo para o UOL (veja abaixo). A apresentadora do "Fofocalizando" não para, muito menos no Carnaval. Além de ser madrinha de bateria da Império de Casa Verde, em São Paulo, ela estreará como musa da Paraíso do Tuiuti, no Rio de Janeiro, e cobrirá a folia em Salvador pelo SBT.

A artista admite que não sabe como dá conta de tantos compromissos nesta época, mas aprendeu os macetes necessários para conseguir otimizar o tempo e se dedicar 100% à agenda de Carnaval.

"Você não dorme, não pensa, é bem bagunçado mesmo. Parece que estou sonhando. Deixo várias malas prontas, uma para o Carnaval, outra para a gravação e mais uma para viagem. Vou administrando assim porque é bem difícil", diz Lívia.

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"Dona de mim"

Lívia "se vira" no Carnaval desde os nove anos, quando precisou implorar por uma autorização da mãe para desfilar na ala infantil da Unidos do Peruche, escola da Casa Verde, bairro da zona norte de São Paulo onde mora até hoje.

"Minha paixão pelo Carnaval nasceu dos ensaios de rua da Peruche. Via a galera fantasiada e falava: 'É isso que quero para mim'. Mas na minha família ninguém tinha desfilado. Foi muito difícil convencer minha mãe. Consegui a fantasia de graça e uma vaga na ala das crianças para depois convencê-la, com muita birra e muita lágrima", recorda.

No desfile da Peruche, Lívia teve uma de suas primeiras sensações de empoderamento e independência que marcam a personalidade da artista dentro e fora da vida pública.

"Nunca esqueço o primeiro nascer do Sol no Anhembi, a primeira vez que vi o dia raiar no Carnaval. A partir dali, quis aquilo para minha vida. Foi muito mágico. Voltei do Anhembi andando para minha casa. Foi muito rolê, mas foi tão legal. Eu me achei tão adulta, tão responsável, tão dona de mim naquele momento, voltando descalça para casa, na rua, longe, de manhã cedo segurando o costeiro da fantasia. Por isso não largo nunca mais."

Apesar de ser muito novinha, sempre fui muito responsável. Chegava em casa bem, direitinho. Depois que virei artista, é um pouco diferente, mas na escola todo mundo é igual. Ali, eu não sou artista. Eu sou do samba

sobre a relação com o Carnaval

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Lívia na avenida

Robson Ventura/Folha Imagem

Gavião na pele

Lívia ainda é lembrada como musa da Gaviões da Fiel, onde desfilou durante quase dez anos, até 2009. Ela marcou a escola na pele (tatuou na nuca um gavião e o escudo do Corinthians), mas não esquece o fim do "namoro": "Novas pessoas entraram e não me conheciam. Não curti a maneira como fui tratada. Sempre tive uma personalidade muito forte e quis sair. É como um relacionamento: acontecem coisas e acaba, e você começa outro

Manuela Scarpa e Marcos Ribas/Brazil News

Em casa na Império

Lívia peregrinou por escolas dos grupos Especial e de Acesso, como Acadêmicos do Tucuruvi, X-9 Paulistana e Leandro de Itaquera, mas foi na Império de Casa Verde onde ela se firmou como madrinha. O desfile deste ano, sobre cinema, agradou a artista: "Mais do que beleza, delicadeza e glamour, quis algo diferente. Sempre tive a intenção de fazer uma coisa mais teatral, com menos beleza, porque Carnaval já tem muita musa, muita mulher bonita, corpo pra caramba

Reprodução/Instagram/paraisodotuiutioficial

Retorno à Sapucaí

Após uma passagem ótima (na Inocentes de Belford Roxo) e outra para esquecer (na Caprichosos de Pilares), Lívia Andrade voltará ao Carnaval do Rio de Janeiro. A apresentadora desfilará como musa da Paraíso do Tuiuti, vice-campeã em 2018. Neste ano, a escola também terá como destaque a vencedora do "BBB18", Gleici Damasceno, e levará à Sapucaí mais um enredo com forte crítica política, após se consagrar com Temer "vampirão"

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Empoderamento sem bandeira

Lívia se considera "empoderada" desde antes de o termo virar moda e símbolo de luta das mulheres contra o machismo. "Dona de si" desde a infância, a artista não expõe sua vida íntima. Dentro e fora da TV, ela não se intimida para falar sobre temas polêmicos e defender sua opinião.

"O empoderamento é de agora, mas antes disso eu já era assim. No 'Jogo dos Pontinhos' de dez anos atrás eu já falava. Cada um tem uma história de vida. A minha me fez assim. Minha mãe sempre trabalhou, meu pai morreu muito cedo. Eu tinha que cuidar do meu irmão, tentar ser a mais responsável possível porque minha mãe chegava cansada do serviço e eu fazia algumas coisas para agradar, arrumava a casa, cozinhava. Aprendi a me virar pela situação", conta.

A apresentadora, criada em um ambiente "empoderador", rejeita qualquer rótulo e não cobra posicionamentos de mulheres sobre qualquer assunto. Lívia prefere defender suas causas sem bandeira.

"Não temos que cobrar ou impor certas atitudes à mulher, porque aquilo pode não fazer parte da realidade dela. Eu respeito e entendo. Só que a minha [realidade] é essa. Não aceito que ninguém venha falar como devo agir ou quais bandeiras tenho que levantar. Não tenho nada. Tenho que ser feliz. Tenho que ser eu. Tenho que viver a minha vida. Se isso vai agradar ou não, é uma opção de cada um."

Iwi Onodera/UOL

Acho importante que você tenha exemplos na vida, seja dentro de casa, seja na televisão. Exemplos de personalidade, não de ser exemplar. Na minha opinião, o artista não tem obrigação nenhuma de ser exemplar

sobre inspirar mulheres

A pessoa te rotula por uma imagem ou um trabalho que você fez. 'Ah, foi Mallandrinha, trabalhou com o corpo...'. Falaram coisas absurdas a meu respeito. O que você faz? Briga, bate na cara das pessoas? Você dá na cara provando totalmente ao contrário, mas isso acontece com o tempo. Não adianta ter pressa, nem se revoltar ou se chatear. Porque é revoltante o que acontece. É revoltante. Você só precisa esperar o tempo passar e falar: 'Está vendo quem é quem?'

sobre ser rotulada

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