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Viradouro homenageará as Ganhadeiras de Itapuã no Carnaval 2020

Logo do enredo da Viradouro para 2020 - Divulgação
Logo do enredo da Viradouro para 2020 Imagem: Divulgação

27/06/2019 18h47

Vice-campeã do Carnaval 2019, a Unidos do Viradouro lançou a sinopse do seu enredo para 2020. "Viradouro de alma lavada", assinado pelos jovens carnavalescos Tarcísio Zanon e Marcus Ferreira, promete revelar para o grande público uma das mais comoventes manifestações culturais da Bahia: as Ganhadeiras de Itapuã. Revividas com um grupo musical formado há 15 anos, as Ganhadeiras atuaram em Salvador até o final do século 19. Comerciantes de peixes e unidas por fortes laços de solidariedade, com seu trabalho, compraram alforria de muitas mulheres negras e seus parentes.

Desta forma, a Viradouro desponta, para se manter nas principais posições do Carnaval com uma linha de enredo diametralmente oposta a do ano passado e com jovens artistas substituindo o consagrado carnavalesco Paulo Barros. A sinopse, divulgada para os compositores, foi bem recebida e acabou sendo mais um fator de motivação. "Estamos de alma lavada e de peito aberto para fazer tudo que a gente idealiza para o espetáculo. Queremos uma Viradouro nova e muito cultural", afirma Zanon.

Casados há três anos, os carnavalescos trabalharão juntos pela primeira vez. Enquanto Tarcísio conduziu a Estácio de Sá ao título do Grupo de Acesso em 2019, Marcus estava na Inocentes de Belford Roxo e já tinha no currículo o campeonato do mesmo desfile em 2017. Apesar de unirem suas carreiras somente agora, o enredo já povoava suas mentes há algum tempo. "Ganhamos o CD das Ganhadeiras de presente da atriz Zezé Mota e nos encantamos na hora. A ideia ficou martelando em nossas cabeças. Em nosso primeiro trabalho em conjunto, não poderia haver outro enredo", relata Marcus Ferreira.

Quanto ao desenvolvimento, Zanon adianta que o tema tem um viés musical e outro, bem forte, comprometido com a narrativa histórica. E sem deixar de abordar temas atuais como o papel da mulher na sociedade. "Falamos de mulheres que eram escolhidas por seus senhores para esse sistema de ganho e tinham metas a cumprir, mas elas conseguiam guardar esse pecúlio para alforriar suas parceiras e familiares. Esse olhar de união delas é exatamente o que o Carnaval precisa. Temos que olhar para a cultura e para a mensagem que está por trás da escola. É uma história que o Brasil precisa ver", acredita o carnavalesco.

A responsabilidade de substituir Paulo Barros não amedronta a jovem dupla. E a escolha do enredo é uma prova, na opinião de Marcus Ferreira, que se aferra à crença de que o momento atual do Carnaval pede por novas propostas. "O país e o Carnaval vivem dias conturbados e, por isso, temos que trazer novidades. O enredo não é só sobre as Ganhadeiras, mas sobre pessoas que batalham pela sobrevivência no dia-a-dia. A visão da atualidade, mas com o apoio da história, é uma marca que o Carnaval está assumindo", acredita Ferreira.

Anderson Baltar