Para conter gastos, Vila Isabel escolherá seu samba sem disputa na quadra
Terceira colocada no Carnaval 2019, a Unidos de Vila Isabel perdeu três décimos no julgamento no quesito samba-enredo no julgamento. Para voltar a conquistar a nota máxima, a diretoria da azul e branca tomou uma decisão inédita no Carnaval carioca: aboliu a tradicional disputa de sambas realizada em sua quadra. Os sambas inscritos serão ouvidos no CD pelos dirigentes da escola e o vencedor será anunciado no dia 28 de setembro.
Em um ano em que várias escolas tomaram medidas para baratear os custos para os compositores, a Vila Isabel resolveu radicalizar. "A disputa de samba tem sido muito onerosa e afastando bons compositores. Desta forma, os participantes irão gastar apenas com a gravação no estúdio", afirma o diretor de Carnaval, Wilsinho Alves.
Com um modelo parecido ao que é adotado por algumas escolas em São Paulo, seis parcerias tradicionais da escola foram convidadas a participar e outros grupos procuraram a Vila para fazer parte da disputa. Wilsinho acredita que a escola receberá a inscrição de pelo menos 10 sambas, que deverão ser entregues no dia 10 de setembro. O regulamento proíbe a divulgação dos concorrentes pela internet ou qualquer outra forma de mídia - quem descumprir esta parte, será desclassificado.
Assim, ao contrário das eliminatórias nas quadras e do tradicional burburinho pelas redes sociais, a disputa da Vila se dará em total sigilo. Só ouvirão os sambas os diretores da escola, além do mestre de bateria, Macaco Branco, o intérprete, Tinga e o carnavalesco Edson Pereira. Na festa de lançamento dos protótipos das fantasias, o samba será apresentado à comunidade. Wilsinho afirma que a escola ainda não bateu o martelo se a divulgação do vencedor será feita antecipadamente: "Estamos avaliando. Seria interessante todos já chegarem à festa do dia 28 conhecendo o samba".
O diretor de Carnaval afirma que a decisão se deu pelo calendário espremido de escolha de sambas resultante da indefinição de rumos da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) por conta da situação da Imperatriz Leopoldinense e da revertida renúncia do presidente Jorge Castanheira. "As escolas ainda não receberam verbas e a disputa também acarreta custos. Esta foi a solução que encontramos para o momento. Certamente, no ano que vem, voltaremos a fazer a disputa nos moldes normais", assegura Wilsinho, que pensa em eventos para movimentar a quadra e a ala de compositores. O tradicional concurso de sambas de terreiro deverá voltar a ser realizado em breve.
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