Bell Marques estreia seu bloco em SP e faz "micareta" para 420 mil pessoas
Carlos Minuano
Colaboração para o UOL, em São Paulo
09/03/2019 15h06Atualizada em 09/03/2019 19h25
"Com vocês o rei do Carnaval, Bell Marques!" O ícone dos trios elétricos baianos, vocalista, guitarrista e compositor, que saiu do Chiclete com Banana em 2013, assume o microfone. "Estou muito ansioso, vocês pensam que não?", diz o músico para uma multidão de 420 mil foliões que conferiu a estreia dele hoje na folia de rua de São Paulo.
A festa começou pontualmente às 14h na praça do Obelisco, em frente ao Parque do Ibirapuera, e não esfriou nem com uma forte chuva que durou cerca de 15 minutos e apenas refrescou os foliões que dançavam sob o sol forte. "Falei que era só cantar que a chuva parava", brincou o cantor.
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Antes de subir ao trio, Bell Marques falou com a reportagem do UOL e disse que estava de fato um pouco apreensivo com sua estreia. "A gente nunca sabe como as pessoas vão reagir, em cada lugar é de um jeito, nos EUA uma vez aplaudiram um trio elétrico vazio, que não tinha nada a ver com a festa."
O músico baiano, que completa 40 anos de Carnaval, disse que está muito feliz por celebrar a data também em São Paulo. "É tudo de bom". Ele também avisa que vem muita novidade pela frente. "Até o fim do ano vou lançar um documentário sobre minha carreira e uma autobiografia", promete.
Questionado sobre os protestos políticos na folia, ele disse que não vê crescimento. Pelo contrário."O Carnaval em Salvador já foi politizado, hoje em dia não é mais", afirma. "Cresceu demais e reduziu muito esse lado."
E São Paulo, que segundo ele ainda não tem um Carnaval de rua gigante, mas que terá, deve seguir o mesmo caminho. "Quanto mais crescer, menos a política deverá ter espaço."
Clima de micareta
Como previsto, o protesto político passou mesmo longe do bloco do Bell. O mesmo não se pode dizer do "merchã". A cada música foi um comercial, emendado nas letras dos hits do músico.
"Chamou pra beber tem que pagar, mas se tirar um Engov do bolso tem que dividir a conta."
Apesar de não ter visto protesto pelos blocos que passou, Lucas Bellato, 29, administrador, é a favor das manifestações. "Acho positivo, o povo tem que ter direito de se expressar, inclusive fora do Carnaval". O folião admite que era micareteiro e que foi mesmo ao Ibirapuera para curtir o som do Bell.
"Eu que resgatei ele das micaretas", brinca a esposa, a publicitária Flávia Martins, 28. Para ela, o Carnaval foi mais das feministas. "O movimento cresceu muito". Mas ela se diz contra os excessos.
"Algumas extremistas querem guerra aos homens, sou a favor de um espaço maior de representação das mulheres, mas sem extremismos."
Apesar da animação do público, o bloco terminou cerca de uma hora antes do previsto, por volta de 16h45, antes da forte chuva que voltou a atingir a capital paulista.