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América Latina deve atingir meta de saneamento, diz OMS

da <b>BBC</b>, em Londres

26/08/2004 08h29

A América Latina está a caminho de alcançar as chamadas "metas do milênio" para acesso a saneamento básico e água potável fixadas pela ONU em 1990, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância).

"A América Latina é uma das regiões do mundo que se encontram em processo bastante favorável nessa área. Se continuar a mesma tendência que tivemos entre 1990 e 2002, com toda a certeza, as metas do milênio serão alcançadas", disse José Hueb, coordenador do relatório para a OMS.

"As estatísticas indicam que o Brasil mostrou um desenvolvimento considerável entre 1990 e 2002, período abordado por esse relatório."

Em outras áreas do mundo, porém, a situação ainda é dramática. De acordo com o relatório, mais de 2,6 bilhões de pessoas, mais de 40% da população do mundo, não têm acesso a saneamento básico, e mais de um bilhão de pessoas ainda usam água não tratada para beber, a maioria delas nas zonas rurais da África e da Ásia.

'Emergência silenciosa'

No Brasil, entre 1990 e 2002, a cobertura de água potável aumentou de 83% para 89% da população e, em termos de esgotamento sanitário, houve um aumento de 70% a 75%.

As metas do milênio prevêem que, entre 1990 e 2015, seja reduzida à metade a proporção de pessoas no mundo que não têm acesso à água potável e saneamento.

Mas a meta mundial de saneamento básico não será alcançada e pelo menos 500 milhões de pessoas continuarão sem acesso. Já a meta mundial para água potável deve ser atingida, segundo o relatório.

"O mundo enfrenta uma emergência silenciosa e bilhões (de pessoas) lutam sem água potável e saneamento básico", diz o estudo chamado Alcançar as Metas de Desenvolvimento do Milênio para Água Potável e Saneamento, uma Avaliação a Meio do Caminho.

A falta de acesso a esses dois itens básicos provoca a morte de 4 mil crianças por dia, especialmente por doenças como diarréia aguda, segundo Hueb.

Impacto econômico

De acordo com o estudo, a África Subsaariana é a região onde os riscos são maiores, mas existem tendências "preocupantes" nas regiões industrializadas, onde os indicadores de acesso a saneamento básico e água potável "caíram 2% entre 1990 e 2002".

O relatório diz que falta vontade política dos governantes para efetivamente cumprir as metas fixadas pelos próprios países da ONU em 1990.

"O mais importante realmente para cumpri as metas seria um compromisso político, o engajamento daqueles que tomam decisão a nível de país", diz Hueb.

Segundo ele, os custos para implantação desses dois serviços básicos não são exagerados se comparados a outros serviços, como de telecomunicações.

Do ponto de vista econômico, de acordo com o médico, haveria ganhos para os países, graças à redução de despesas hoje enfrentadas pelos serviços de saúde para tratamento de pessoas com doenças decorrentes da falta de saneamento básico e água potável.

"Para se ter uma idéia, um estudo da OMS mostra que para cada dólar investido em água e saneamento, existe um retorno que varia entre 3 e 30 dólares em redução de custo de saúde, melhora das condições econômicas", diz Hueb.

Também aumentaria a produtividade. Hoje, na África, 40 bilhões de horas de trabalho são perdidas por ano por causa do tempo que as pessoas perdem para buscar água potável, segundo o relatório.




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