Negociadores viram noite para tentar concluir rascunho em reunião do clima
Negociadores de dezenas de países praticamente viraram a noite de quarta-feira elaborando o rascunho do texto base de um acordo a ser assinado por ministros e chefes de Estado presentes à conferência das Nações Unidas sobre mudança climática, em Cancún, no México.
Analistas dizem que o texto precisa ser concluído pelo menos até o início da tarde desta quinta-feira para dar tempo suficiente para que os líderes das delegações discutam os detalhes, aparando arestas e resolvendo os impasses que ainda existem.
Em uma rápida entrevista coletiva, antes de voltar à mediação que vem desempenhando ao lado de representantes britânicos para destravar um possível acordo sobre novos cortes de emissões sob o Protocolo de Kyoto a partir de 2012, o negociador-chefe brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo Machado, se disse "cautelosamente otimista".
"Todos os países estão engajados. Estamos explorando uma linguagem que pode fazer pontes importantes", afirmou o diplomata, sem entrar em detalhes.
Impasse
Brasileiros e britânicos, a pedido da presidência mexicana do encontro, tentam há dois dias encontrar uma solução para o impasse criado na semana passada, quando o Japão anunciou não ter intenção de assumir metas de cortes de emissões na segunda fase de Kyoto.
A negativa, embora não fosse uma surpresa total - já que dois dos principais concorrentes dos japoneses, Estados Unidos e China, não terão metas neste segundo período de Kyoto - criou uma situação difícil de resolver.
Para muitos países na conferência, o Protocolo de Kyoto é um instrumento testado e aprovado que não pode ser abandonado sem que exista algo concreto para substitui-lo.
Por outro lado, negociações sobre florestas vêm sendo dadas como praticamente fechadas. Faltam detalhes, mas observadores dizem que eles seriam de fácil resolução, uma vez que exista pressão para conclusão.
E faltando dois dias para o fim da reunião, a pressão só tende a aumentar.
Entre os detalhes que faltam ser acertados para um acordo sobre cortes de emissões de florestas, estão a questão de como garantir a eficácia de salvaguardas em projetos florestais e a entrada de mecanismos de mercado no financiamento de projetos REDD (redução de emissões por desmatamento e degradação).