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Emissões de gases do efeito estufa devem dobrar até 2050

Daniela Fernandes

De Paris para a BBC Brasil

24/11/2011 11h47

As emissões globais de gases que causam o efeito estufa devem aumentar em 50% até 2050, principalmente em razão da maior demanda de energia e do crescimento econômico nos grandes países emergentes.

O alerta foi feito nesta quinta-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que publicou o relatório Perspectivas do Meio Ambiente no Horizonte 2050.

O documento foi divulgado às vésperas da 17ª Conferência das Partes (COP 17) da ONU sobre as mudanças climáticas, que começa na próxima segunda-feira em Durban, na África do Sul.

Segundo a OCDE, a fatia dos países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) nas emissões globais de gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global, passou de 30% nos anos 70 para 40% atualmente.

De acordo com o relatório, as emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases que provocam o efeito estufa, deverá crescer 70% até 2050 em razão do aumento do uso de energias.

"A previsão é de que as emissões de CO2 causadas pelos transportes dobrem entre 2010 e 2050 em razão do forte aumento da demanda por carros nos países em desenvolvimento e do crescimento da aviação", diz o documento.

"A concentração média global dos vários gases de efeito estufa na atmosfera continuam aumentando desde que os recordes começaram", alerta a OCDE.

Segundo cientistas, uma concentração de CO2 na atmosfera em 450 partes por milhão (ppm), limitaria em 50% a possibilidade do aumento da temperatura mundial em 2°C, meta de aquecimento definida em 2010 na conferência internacional em Cancún.

Esse aumento de 2°C é considerado pelos especialistas como sendo o limite para que as mudanças climáticas sejam suportáveis ou adaptáveis.

A OCDE ressalta que as concentrações atuais de CO2 "estão chegando muito perto da meta de 450 ppm".

De acordo com o documento, esse número já estava próximo de 400 ppm no ano passado.

"Se não houver novas medidas governamentais, a concentração de CO2 na atmosfera poderá atingir 685 ppm em 2050", afirma a organização, ressaltando que isso poderá resultar em uma alta média de 3,7°C a 6° da temperatura do planeta até o final do século.

A OCDE também alerta que se não houver mudanças de políticas governamentais, as energias fósseis ainda continuarão representando 85% das energias utilizadas no mundo.

"Os governos devem deixar de lado suas viseiras nacionais e considerar a situação em escala mundial", disse o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría.

"Para atingir o objetivo fixado de limitar em 2°C o aumento da temperatura mundial, eles devem acelerar as negociações em Durban", declarou Gurría.