Pablo Marçal é a surpresa das pesquisas, mas não é Bolsonaro, nem Tarcísio
A pesquisa Datafolha realizada na segunda-feira (27) e na terça (28) confirmou o coach Pablo Marçal, do PRTB, como a grande novidade da disputa à eleição para prefeito de São Paulo que se realizará no próximo dia 6 de outubro.
O levantamento sobre intenções de votos feito com 1.092 eleitores da maior cidade do país mostrou Marçal tecnicamente empatado com a deputada Tabata Amaral (PSB) nos três cenários divulgados.
Tabata obteve 8% das menções contra 7% para Marçal, no cenário com o apresentador José Luiz Datena (PSDB) e o deputado Kim Kataguiri (União Brasil) na disputa.
Ambos - Tabata e Marçal - tiveram igualmente 9% no cenário sem Datena e Kim Kataguiri, e 1% na intenção de voto estimulada.
Marçal também apareceu, ora à frente, ora pouco atrás de Tabata Amaral nos levantamentos dos institutos Atlas e Paraná Pesquisas divulgados nesta semana.
Surpreendeu por ter se lançado formalmente como pré-candidato alguns dias antes, na sexta-feira (24).
Com isso, acabou tendo seu desempenho comparado com os do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Tarcísio, em 2022, e Bolsonaro, em 2018, apareceram em suas disputas como zebras da campanha eleitoral. Mas há diferenças substanciais entre Pablo Marçal e os dois políticos vitoriosos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro não era levado em conta pela mídia, mas já estava em campanha para presidente havia mais de quatro anos.
Chegou a anunciar sua candidatura ao Planalto para a eleição de 2014 e acabou desistindo por pressão do seu partido de então, o PP. Mas se tornou o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro naquele ano, com 469 mil votos.
Com sete mandatos seguidos de deputado, Bolsonaro então passou a correr o país pedindo votos para a eleição seguinte, em 2018. Seu percurso, portanto, nada teve a ver com a curta história política de Pablo Marçal.
Quanto a Tarcísio de Freitas, Pablo Marçal é comparado a ele pelo simples fato de ambos serem bolsonaristas de carteirinha e nunca terem se candidatado antes de tentar concorrer a um cargo majoritário.
Marçal espera ter o apoio formal de Bolsonaro, assim como Tarcísio obteve, já que a aliança do ex-presidente com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) desperta desconfianças e ainda não foi sacramentada.
No entanto, diferentemente de Marçal, Tarcísio tinha uma história de serviços bem avaliados, como ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e como diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no governo Dilma Rousseff (PT).
O atual governador embarcou na campanha com um currículo privilegiado para apresentar aos eleitores.
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Quero receberMarçal é apenas um influenciador de internet, sem a longa estrada política de Bolsonaro e muito menos a experiência administrativa de Tarcísio como gestor público.
Para pesar ainda contra Marçal, há o fato de querer concorrer numa cidade como São Paulo, onde a esquerda e a centro-esquerda são consideradas eleitoralmente mais fortes do que a direita.
Por essas e outras, ter aparecido como grande surpresa das primeiras pesquisas eleitorais não faz ainda de Pablo Marçal um candidato de peso para prefeito da maior cidade do país.
Há muito ainda o que provar para convencer o eleitorado. Pior. Quase todos seus adversários apontados nas pesquisas Datafolha também têm alguma história a apresentar, além das aparições como coach de internet.
Por isso, talvez, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) liderem a corrida pela Prefeitura de São Paulo nos cenários testados pela pesquisa Datafolha.
No cenário mais completo, Boulos tem 24% das intenções de votos, enquanto Nunes marca 23%. No outro cenário, sem Datena e o deputado Kim Kataguiri na disputa, as posições se invertem apenas numericamente, com 26% a 24% para o atual prefeito.
A margem de erro é de três pontos para mais ou menos. O trabalho foi contratado pela Folha e está registrado na Justiça Eleitoral sob o número SP-08145/2024.
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