Cegonhas europeias trocam viagens migratórias de inverno por 'lanches' em lixões
Cegonhas europeias trocaram os voos migratórios para locais mais quentes pelo que se pode chamar de uma versão animal do fast food: um estudo de uma equipe internacional de zoólogos descobriu que os pássaros cada vez mais preferem voar distâncias menores e se alimentar em locais mais próximos de humanos, incluindo aterros sanitários.
Os pernaltas estão entre um número crescente de espécies migratórias que vêm alterando seu comportamento por influência humana. Até bem recentemente, todas as cegonhas brancas europeias voavam para o sul nos meses de inverno do continente, em busca de alimento na África ou na Ásia.
A equipe de cientistas liderada por Andrea Flack, do Instituto Max Planck de Ornitologia, na Alemanha, usou aparelhos de GPS para estudar os hábitos migratórios de 70 jovens cegonhas de sete países europeus (e um africano, a Tunísia), durante sua primeira migração - locais tão diversos como a Armênia e a Espanha.
Os cientistas descobriram que cegonhas partindo de Rússia, Polônia e Grécia, por exemplo, seguiram rotas tradicionais de voo, indo parar até na África do Sul. Mas pássaros saindo de Espanha, Tunísia pararam ao norte do deserto do Saara, enquanto aves originárias da Armênia percorreram curtas distâncias. Cegonhas do Uzbequistão sequer saíram do país.
Aves foram monitoradas por GPS
Segundo os zoólogos, a maioria dos pássaros que ficaram no Saara sobreviveram se alimentando nos lixões, sobretudo no Marrocos, o que possibilitou solucionar o problema da obtenção de alimento sem a necessidade de gastar energia com voos longos. As aves do Uzbequistão possivelmente conseguiram comida nas fazendas aquáticas do país - antes, voavam para o Afeganistão e o Paquistão em busca de alimento.
Para Flack, as cegonhas brancas mudaram seu comportamento para viver mais perto de seres humanos e, consequentemente, de alimento.
"Esses pássaros mudaram sua estratégia de migração. Os pássaros que se alimentam em lixões parecem estar levando vantagem, mas há o risco de morrerem se ingerem o alimento errado", explica a alemã.
Os cientistas dizem que, enquanto a influência humana poder ser de certa forma benéfica para espécies migratórias, pode haver consequências a longo prazo para o papel ecológico que elas ocupam.
As cegonhas, por exemplo, normalmente se alimentam de gafanhotos e outras pragas que destroem plantações na África. E a espécie branca se alimenta ainda de répteis, anfíbios, peixes, insetos e pequenos mamíferos.
"Essas espécies encontrando benefícios são exceções. Mais e mais espécies estão sofrendo reduções populacionais por causa de alterações em fatores como hábitos migratórios", explica Stuart Butchart, da ONG Birdlife International.
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