Orçamento transforma Bolsonaro num presidenciável sem fundos para 2023

Por imposição legal, o governo teve que enviar no último dia de agosto sua proposta de Orçamento para o ano de 2023. O documento dá ao conto de fadas vendido por Bolsonaro na campanha eleitoral uma aparência de pesadelo. O presidente rodopia pelos salões como uma espécie de Bolsorela. Ou Cinderelo. Reivindica o amor da República. Mas os números do orçamento transformaram a carruagem do candidato em abóbora antes da meia-noite.

A magia se desfez prematuramente porque a plataforma de Cinderelo revelou-se uma fantasia sem fundos. Agora é oficial: a proposta elaborada pela equipe de Paulo Guedes reconhece que o Auxílio Brasil de R$ 600 volta a ser de R$ 400 a partir de janeiro. Somem também na virada do ano o vale-gás dobrado e o pix de R$ 1 mil para taxistas e caminhoneiros.

Não há na proposta de orçamento vestígio de correção da tabela do Imposto de Renda, outra promessa sem lastro do candidato. O salário mínimo ficará sem reajuste real pelo quarto ano consecutivo. O aceno de reajustes superiores a 20% para o funcionalismo foi rebaixado para 4,85%.

Apenas o centrão foi mantido no Brasil de conto de fadas. Destinaram-se R$ 38,7 bilhões para emendas de parlamentares. Desse total, R$ 19,4 bilhões irrigarão o chamado orçamento secreto.

Se nada for feito, o dinheiro continuará saindo pelo ladrão no orçamento de 2023, porque Cinderelo manteve os ladrões dentro do Orçamento. O eleitor talvez conclua que o sonho do capitão não cabe num sapato de vidro.

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