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Alexandre de Moraes acerta ponto fraco do valentão Daniel Silveira, o bolso
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A imposição de sanções econômicas pode não ter tido um efeito imediato para frear a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas mudou rapidamente a opinião do deputado Daniel "Surra de Gato Morto" Silveira quanto a acatar a ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes e usar uma tornozeleira eletrônica.
O parlamentar, que descumpriu proibição de acesso a rede sociais, de contato com outros investigados em inquéritos das fake news e milícias digitais e de locomoção após ser solto, e continuou atacando o Supremo Tribunal Federal, refugiou-se na Câmara para não colocar a bijuteria judicial.
E, com a ajuda do bolsonarismo, que não perde uma chance de atacar a legitimidade e a credibilidade de instituições, transformou o Congresso em palco de um show voltado à militância mais radical. O que é ótimo para deputados e senadores da base do presidente que estão com dificuldades de se reeleger.
Após dar um não à Polícia Federal que foi à Câmara para tentar instalar nele o equipamento, Daniel Silveira disse em entrevista à Jovem Pan News, na noite desta quarta (30), que, finalmente, vai ceder.
Chamando Moraes de "fraco e frustrado", uma versão do infantil "feio e bobo", afirmou que a multa diária de R$ 15 mil, descontada diretamente das contas do deputado ou de seu holerite, afetaria a sua família.
Toda pessoa, por mais forte que aparente ser, tem seu ponto fraco. O de Silveira é o bolso.
Na decisão que impôs as tais sanções econômicas, Moraes ainda ironizou Silveira: "Não só estranha e esdrúxula situação, mas também de duvidosa inteligência a opção do réu, pois o mesmo terminou por cercear sua liberdade aos limites arquitetônicos da Câmara dos Deputados, situação muito mais drástica do que àquela prevista em decisão judicial".
E deu uma estocada em parlamentares que o defenderam, ao dizer que Silveira tratou o parlamento como "covil de réus foragidos da Justiça".
Se, por um lado, o resultado dessa novela rocambolesca deve ser a sua condenação no STF (o julgamento está marcado para 20 de abril), ele também se fortalece junto ao bolsonarismo. Caso perca o mandato, deve ganhar dinheiro e disputar a sociedade como youtuber.
E não se enganem: o político cujos maiores "feitos foram destruir, ainda como candidato, uma homenagem a Marielle Franco, e dizer que "qualquer cidadão que conjecturar uma surra bem dada nessa sua cara com um gato morto até ele miar, de preferência, após cada refeição, não é crime" ao ministro Edson Fachin, não teria poucos seguidores.
O deputado tentou se mostrar como um herói da luta pela liberdade de expressão - princípio que Bolsonaro afirma defender acima da vida, mas subverte sistematicamente com seus ataques à imprensa livre. Acabou mostrando que sua cruzada tem limite, e ele é financeiro.