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Paulo Sampaio

Governo anuncia voo de repatriação de turistas do Marrocos pago pela Record

O engenheiro Alexandre Paulino Bruno e a mulher, a dentista Maria Guilhermina Izar, 42, devem voltar amanhã no voo fretado pela Record - Arquivo Pessoal
O engenheiro Alexandre Paulino Bruno e a mulher, a dentista Maria Guilhermina Izar, 42, devem voltar amanhã no voo fretado pela Record Imagem: Arquivo Pessoal

Colunista do UOL

20/03/2020 16h46

Duzentos e três brasileiros que ficaram retidos no Marrocos esta semana devem embarcar amanhã (21) às 11h, horário de Marrakesh, em um voo da Latam fretado pela Rede Record. A emissora traz de volta atores e equipe técnica que gravavam cenas da novela "Gênesis", com estreia marcada para abril, e os turistas vêm de carona. O governo de lá fechou as fronteiras para entrada e saída.

Segundo a assessoria de imprensa do ministério das Relações Exteriores, a embaixada tentava negociar com a companhia Royal Air Maroc a possibilidade de embarcar os turistas em um voo de carreira.

O Itamaraty informa que o governo brasileiro não dividiu com a Record os custos do frete, apenas conseguiu junto as autoridades do Marrocos autorização de sobrevoo e pouso no aeroporto de Marrakesh.

De acordo com um comunicado divulgado no site do ministério do Turismo, "a ação (de repatriação dos turistas) é coordenada pelo MTur" e "está sendo feita em conjunto com o ministério das Relações Exteriores, a Rede Record e a Latam". "Nesse momento de incerteza, nosso compromisso é trazer de volta ao nosso País os milhares de brasileiros que estão em outro país, muitos a turismo, e que nesse momento precisam do apoio do governo federal. Tenho convicção de que seremos bem sucedidos nessa valorosa missão", informa o ministro Marcelo Álvaro Antônio.

Dos 203 passageiros, apenas 73 são funcionários da Record. A assessoria da emissora confirma a vinda da equipe, mas não informa nada sobre o voo.

Entre outros atores que embarcam hoje em Marrakesh, estão Zé Carlos Machado, Igor Rickli, Carla Marins, Pérola Faria, Ana Paula Tabalipa, Alexandre Slaviero e Amanda Grimaldi.

A assessoria da Latam não informa detalhes do frete, apenas que "está apoiando a ação de repatriação".

Expulsos do hotel

O engenheiro paulista Alexandre Paulino Bruno, 46 anos, e a mulher, a dentista Maria Guilhermina Izar, 42, estão entre os 203 brasileiros que estão no voo RAK/GRU LA 9517, fretado pela Record. O casal tinha hospedagem paga até domingo, mas encontrou um aviso afixado na porta do quarto na quarta-feira (18), informando que deveriam deixar o hotel no dia seguinte.

Eles não foram os únicos brasileiros a ficar desabrigados no Marrocos. Havia cerca de 200 turistas com os voos cancelados, sem ter onde ficar, muitos deles aguardando notícias no gramado do aeroporto de Marrakesh.

Alexandre sofreu um infarto no passado e toma remédios controlados. Em um dos grupos de turistas, havia idosos com doenças crônicas, e uma senhora com câncer que estava com o medicamento contado. Do Brasil, a jornalista Mariana Seabra tentava monitorar a situação da mãe, que estava com 14 mulheres de 60+ (ela é hipertensa e também depende de medicamentos).

Maria Guilhermina conta que a desinformação com que os abandonaram aumentou a sensação de desespero. Os táxis cobram o equivalente a R$ 100 por uma corrida para qualquer ponto da cidade.

Turistas expulsos de hotéis se acumulam no gramado do lado de fora aeroporto - Reprodução - Reprodução
Turistas expulsos de hotéis se acumulam no gramado do lado de fora do aeroporto
Imagem: Reprodução

Sem opção de estadia, alguns dos viajantes aceitaram a oferta de outros que alugaram apartamentos em sites de locação por curto período.

Só de mineiros, segundo informou a consultora de TI Bruna Dias Lobo, havia por volta de 45 pessoas entre Casablanca e Marrakesh. "A única solução é o governo nos resgatar aqui. Nos colocar em um voo de repatriação."

De acordo com Bruna, havia muitos brasileiros sem internet, sem dinheiro e com o limite do cartão estourado. "Mesmo para os que têm poder aquisitivo, não existe a possibilidade de comprar uma passagem e pegar um voo. A grande maioria está vivendo uma situação de pânico."