Peru não aprovou pena de morte para políticos corruptos
Letícia Mutchnik
Colaboração para o UOL, em São Paulo
20/09/2023 17h19
É falso que o presidente peruano tenha anunciado a imposição da pena de morte para políticos corruptos, conforme alegado em publicações nas redes sociais.
Na verdade, a cena retrata o ex-presidente do Peru Pedro Pablo Kuczynski discutindo a aplicação da chamada "morte civil" a políticos corruptos durante um pronunciamento em 2017, e não a aplicação da pena de morte de forma literal.
O que diz o post?
A publicação compartilha um vídeo do ex-presidente do Peru Pedro Pablo Kuczynski anunciando um pacote de medidas anticorrupção.
Sobreposto à gravação, há o seguinte texto: "Presidente do Peru anuncia pena de morte para corruptos no governo. Um bom exemplo para o Brasil?".
A legenda da postagem é: "Aqui está algo positivo para o Brasil. Isso poderia ajudar a combater a corrupção de uma vez por todas. As pessoas de bem não suportam mais tantas irregularidades no governo. Punição para quem não presta, doa a quem doer".
Por que é falso?
O vídeo é datado de 12 de fevereiro de 2017 e retrata o ex-presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski (aqui e abaixo). A atual presidente peruana é Dina Boluarte, que assumiu o cargo após a destituição de Pedro Castillo, em 7 de dezembro de 2022.
Em nenhum momento do discurso compartilhado, Kuczynski anuncia a aplicação da pena de morte para políticos corruptos. O ex-chefe do Executivo, na realidade, utiliza uma linguagem metafórica ao afirmar que ordenou a "morte civil" de funcionários públicos corruptos, impedindo que eles voltem a trabalhar para o Estado. Veja o trecho abaixo:
Medidas primeiras e ordenadas com um decreto legislativo que as empresas condenadas por corrupção nunca mais possam contratar com o Estado. Eu determinei a 'morte civil' dos funcionários corruptos para que nunca mais possam trabalhar no Estado. A partir de hoje, todos os contratos de concessão do Estado peruano obrigatoriamente incorporarão a cláusula Anticorrupção com o objetivo de proteger nossos interesses como país. Em quarto lugar, triplicaremos o orçamento da Procuradoria dedicado a investigar e capturar os corruptos, venham de onde vierem. Quinto, hoje também anuncio a criação de um sistema para recompensar os funcionários e cidadãos honestos que denunciem atos de corrupção. Pedro Pablo Kuczynski, ex-presidente do Peru em discurso em 2017
Na sua declaração, ele não se referia à morte literal dos políticos, mas sim a um decreto de outubro de 2016, que proibia condenados por corrupção de retornar a cargos públicos no governo peruano (aqui e aqui).
O conteúdo também foi checado pela Reuters.
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