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Uso de contraste em exames é seguro; efeitos adversos são raríssimos

18.out.2023 - A médica desinforma ao dizer que o contraste é maléfico aos pacientes e ao dizer que ele é acumulado no organismo Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/10/2023 16h11

Não é verdade que o uso de contraste em ressonâncias magnéticas faz mal e gera graves consequências ao organismo dos pacientes, como diz uma médica em um vídeo que circula nas redes sociais.

Segundo o Inrad (Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) as informações trazidas na gravação são distorcidas.

O que diz o post?

"O perigo da ressonância magnética! No exterior, eles alertam. No Brasil, não? Veja a entrevista completa com a Dra. Lucy Kerr no canal do YouTube Fernando Beteti", diz a legenda que acompanha o vídeo da entrevista com a médica.

Na gravação a doutora comenta: "A ressonância, que é um exame que muitas mulheres não suportam, porque têm que entrar num túnel e ficar lá, e elas se apavoram. Mas o pior é que abusam do contraste, e esse contraste não é eliminado do organismo; ninguém fala isso aqui no Brasil. Não instruem as mulheres a fazer, só dão a autorização, mas não explicam que aquilo faz mal. Eu descobri posteriormente que as pacientes que faziam a mamografia tinham áreas do cérebro brilhantes com o contraste, quando ainda não tinham recebido contraste no próximo exame, está entendendo? Então eles começaram a descobrir, mas não pararam de usar. Ficou residindo lá no corpo, só que lá no exterior os pacientes são avisados sobre isso; aqui no Brasil, ninguém conta para os pacientes isso, e acontece que existem muitas consequências desse contraste, que é o metal pesado tóxico.

Sobreposto ao vídeo está escrito: "Contraste não sai no xixi!! E ninguém fala isso no Brasil".

Por que é distorcido?

Efeitos adversos do contraste são extremamente raros e, antes do exame, os pacientes preenchem formulário para avaliação de risco. O gadolínio, que é o contraste utilizado na ressonância magnética das mamas, têm reações adversas muito raras, segundo Heverton Amorim, mastologista e membro da Comissão de Imagem Mamária da SBM.

[O gadolínio] é um contraste bastante seguro, entretanto sempre que vamos utilizar é importante realizar um questionário. Isso é, o paciente sempre preenche um questionário do qual se avalia se ela já teve reação adversa a esse método de contraste nas ressonâncias da mama, sempre tem uma correlação entre o peso da paciente e a quantidade de contraste a ser utilizada.
Heverton Amorim, mastologista e membro da Comissão de Imagem Mamária da SBM

O uso do contraste é fundamental para a realização de um diagnóstico correto, pois ajuda na visualização de estruturas do organismo, o que proporciona imagens mais nítidas e detalhadas, segundo a médica Germana Titoneli Vieira, coordenadora da Ressonância Magnética do InRad.

O acúmulo de contraste no corpo dos pacientes é pequeno, mas é possível que ocorra quando usado frequentemente, segundo a médica. Não há comprovação de que este acúmulo de pequenas quantidades da substância prejudique significativamente os pacientes.

Atualmente, a maioria dos meios de contraste à base de gadolínio utilizados, chamados de macrocíclicos, não tem clara relação demonstrada até hoje com este acúmulo.
Dra. Germana Titoneli Vieira, coordenadora da Ressonância Magnética do InRad

O corpo elimina, sim, o contraste do organismo pela urina. Ao contrário do que diz a médica no vídeo, mais de 95% do contraste é eliminado pela urina nas primeiras 24h em pacientes com função renal normal.

O UOL Confere já checou outras desinformações propagadas por Lucy Kerr. Em junho de 2020, a reportagem desmentiu que a ivermectina curava a covid, como alegado pela médica (veja aqui).

Viralização. Compartilhado em 26 de setembro no Instagram, a postagem alcançou até hoje (18), 685 curtidas e 58 comentários.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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