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Operação da Secretaria de Saúde arromba imóveis em bairros nobres de Maceió contra focos de dengue

Para tentar controlar o crescimento do número de casos de dengue na região, a Secretaria Municipal de Saúde iniciou nesta terça-feira (13) uma operação de "acesso forçado"  - Beto Macário/Especial para o UOL Notícias
Para tentar controlar o crescimento do número de casos de dengue na região, a Secretaria Municipal de Saúde iniciou nesta terça-feira (13) uma operação de "acesso forçado" Imagem: Beto Macário/Especial para o UOL Notícias

Carlos Madeiro<br>Especial para o UOL Notícias

Em Maceió

13/04/2010 14h16

Para tentar controlar o crescimento do número de casos de dengue neste ano em Maceió (AL), a Secretaria Municipal de Saúde iniciou nesta terça-feira (13) uma operação de "acesso forçado" a 195 imóveis fechados em seis bairros da capital e que registram os maiores índices de infestação do mosquito aedes aegypti.

O número de casos notificados da doença na capital alagoana apresentou um crescimento de 259% nos três primeiros meses do ano, em comparação ao mesmo período de 2009. Entre janeiro e março, foram 1.687 casos notificados da doença. As chuvas da última semana deixaram as autoridades em alerta.

A lista de imóveis que serão arrombados foi publicada no último dia 10 no Diário Oficial do Município. Para justificar a operação, a secretaria alegou que o acesso forçado está previsto em um decreto municipal de 2007 e que os locais identificados pelo governo apresentam os maiores índices de contaminação e põem em risco a saúde pública.

Com apoio de policiais militares, três equipes estão arrombando prédios abandonados que, segundo a Secretaria de Saúde, são focos do mosquito transmissor da dengue. A maioria dos imóveis fica na Ponta Verde e na Jatiuca – os dois principais bairros nobres da orla da capital alagoana. Além deles, outros quatro bairros também terão imóveis arrombados.

A operação vai até sexta-feira (16). Além de policiais e agentes de endemias, participam também da ação chaveiros e garis. “Nós arrombamos, mas depois deixamos tudo limpo e arrumado. Nossa meta é acabar apenas com o foco do mosquito da dengue, nada mais do que isso”, disse o gerente técnico de Controle da Dengue de Maceió, Paulo Carvalho.

Segundo a secretaria, o chamado índice de infestação predial nos bairros nobres da orla é de 3,7%, mais que o dobro da média registrada na cidade, de 1,5%. “Por isso precisamos intervir para reduzir esses níveis, que são índices de epidemia”, explicou.

Na manhã desta terça-feira, o UOL Notícias acompanhou o arrombamento de três casas no bairro da Ponta Verde. Em nenhuma delas o dono apareceu ou houve qualquer tipo de resistência. Os agentes tiveram acesso aos locais sempre após um chaveiro retirar as fechaduras. Nos prédios, os agentes identificaram vários focos do mosquito e fizeram o trabalho de controle desse pontos de proliferação do aedes aegypti.

Diante do crescimento no número de casos nesses bairros, Carvalho explica que a próxima meta é contornar outro problema considerado grave: a não autorização do acesso dos agentes de endemias às residências. “Nós estamos aguardando um pouco para ingressarmos com uma representação no Ministério Público. Se o índice de infestação crescer, devemos envolver o judiciário para garantir o que, em Maceió, está determinado em decreto”, afirmou. 

Dengue no Nordeste

O Estado de Alagoas registra um aumento significativo no número de casos notificados de dengue este ano. No primeiro trimestre foram 4.287 casos neste ano, contra 1.246 no primeiro trimestre de 2009.

Segundo o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, referente às primeiras nove semanas de 2010, a região Nordeste apresentava queda de 74,6% no número casos da doença. Ao todo foram 11.960 casos notificados. Alagoas é o Estado com maior crescimento (174,9%), seguido por Paraíba (43,9%), Pernambuco (43,1%) e Piauí (12,9%).

Os demais Estados registraram queda no número de casos da doença, em comparação ao mesmo período de 2009, com destaque para Sergipe - que conseguiu reduzir o número de notificações em 92%.