Maré alta condena 40 casas e ameaça abastecimento de água em Florianópolis
Em razão da maré alta dos últimos dias, 31 casas situadas na praia Armação do Pântano do Sul e outras nove na praia da Barra da Lagoa, ambas em Florianópolis, foram condenadas por conta do risco de desabamento. O mar também ameaça comunidades do Campeche, na capital, e em cidades do litoral norte do Estado, como Barra do Sul, Barra Velha, São Francisco do Sul e Camburiú, segundo a Defesa Civil Estadual.
Na praia da Armação, que fica no sul da ilha, ao menos nove casas já foram destruídas e 1.700 m de orla estão danificados pela erosão do solo provocada pelo mar agitado. Já na Barra da Lagoa, no leste da ilha, duas casas desabaram. No total, 77 pessoas foram afetadas nas duas comunidades, de acordo com a Defesa Civil Municipal.
O mar agitado ameaça também o abastecimento de água para mais de 100 mil habitantes da capital catarinense. A Lagoa do Peri, que fica a poucos metros da praia da Armação e abastece 25% da população da Florianópolis, corre o risco de sofrer um processo de salinização devido à erosão do solo provocada pela maré alta.
Se a maré continuar elevada, a lagoa está sujeita a ser invadida pela água salgada, já que fica 17 cm abaixo do nível do mar. Além disso, o mar pode atingir a pista da SC-406, rodovia urbana que liga o sul da ilha ao restante da cidade, o que isolaria várias comunidades.
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Ícone indica a praia da Armação, no sul da ilha, onde 9 casas foram destruídas pela maré alta
O major da Defesa Civil Estadual Márcio Luiz Alves, que mora na comunidade da Armação do Pântano do Sul, disse que nunca ocorreu uma ressaca como a atual. “É uma sequência de ressacas no mar, destruindo e avançando sobre a orla. A praia tinha 50 m de faixa de areia, e hoje só tem mar. Meu cunhado é um dos primeiros moradores do local e disse que nunca viu nada igual”, afirmou.
De acordo com o major, a previsão para os próximos dias não é animadora: “A maré não parou de subir, e a previsão é da chegada de mais ondas. Na semana que vem um ciclone no Rio Grande do Sul vai influenciar o mar de Florianópolis, o que pode coincidir com a maré astronômica que temos hoje. A tábua da maré deve chegar a 1,82 m, o que é muito alto. Infelizmente as condições convergem para um quadro pior”, disse Alves.
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Ícone mostra a Barra da Lagoa, no leste da ilha, onde duas casas foram destruídas pelo mar agitado
SC deve receber R$ 10 milhões
O governo de Santa Catarina pediu nesta sexta-feira (28) a liberação de R$ 10 milhões do governo federal para obras de emergência em Florianópolis. Um projeto para aplicação do dinheiro foi apresentado à Secretaria de Defesa Civil do Ministério da Integração. A secretaria já emitiu parecer favorável ao uso dos recursos e a expectativa é de que sejam liberados na próxima semana.
Segundo o major, os recursos serão utilizados em obras de contenção e no financiamento de projetos e linhas de pesquisa para encontrar uma solução para a praia da Armação. “Há projetos de construção de contenção distante da praia, como se fosse um arrecife, e do ‘engordamento’ da faixa de areia”.
Questionado se as obras não poderiam alterar o ecossistema da praia e do mar --que é um dos mais agitados de Florianópolis-- Alves disse que há "duas opções". “Ou deixamos o mar como está [e não alteramos o ecossistema] ou construímos algo que venha a proteger as comunidades. Faremos só o que tiver autorização ambiental”.
Em paralelo às obras que serão realizadas com recursos do governo federal, a prefeitura já iniciou as obras de contenção das águas na praia da Armação e de contenção do avanço do mar. Cerca de 20 caminhões transportam para a região pedras de cerca de duas toneladas cada uma. No local será construído um muro de contenção, que levará de quatro a cinco meses para ficar pronto.
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