Aeronaves pequenas causaram 79% das mortes em quedas no Brasil desde 2000
Levantamento realizado pelo UOL mostra que, desde 2000, 1.735 pessoas morreram em acidentes envolvendo aeronaves de pequeno porte no Brasil. O número representa 79% das mortes totais em acidentes aéreos no país.
O que aconteceu
Brasil registrou 792 acidentes aéreos com mortes desde 2000. Desses, apenas 5 envolveram aviões de grande porte, e mataram 471 pessoas.
Desde 2000, 2,7 aeronaves de pequeno porte sofrem acidentes com mortes no Brasil a cada mês. Só no ano passado, foram 44 quedas com fatalidades registradas, ou 3,6 por mês.
Número considera também acidentes de helicóptero. Além disso, as mortes contabilizadas não são apenas de tripulantes e passageiros, mas quaisquer mortes causadas pelos acidentes aéreos.
Levantamento foi feito pelo UOL com dados da ONG internacional Flight Safety Foundation, referência na pesquisa de acidentes aéreos.
Foram considerados apenas acidentes em território brasileiro. Aeronaves que decolaram do Brasil, mas fora do país, como a queda AirFrance 447, em 2009, que matou 216 pessoas, não entraram na conta.
Foram consideradas aeronaves pequenas aquelas com menos de 20 assentos para passageiros. A reportagem consultou especialistas para estabelecer o critério.
Acidente com 24 mortes em 2009 teve avião superlotado. Uma aeronave com capacidade para 19 passageiros caiu no Rio Manacapuru após decolar de Coari (AM) com 28 ocupantes até Manaus. Apenas quatro pessoas sobreviveram. O relatório do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) emitido após o acidente apontou que a aeronave estava quase 800 kg mais pesado do que podia.
Em 2024, foram 154 mortes em 45 acidentes fatais. Ano foi o com mais mortes desde 2007 e o primeiro a ultrapassar a barreira de 100 fatalidades desde 2013.
Queda de avião da Voepass matou 62 pessoas em agosto, enquanto outras 92 mortes foram registradas em acidentes com aeronaves pequenas. Ou seja, apesar da tragédia em Vinhedo, 60% das mortes em acidentes aéreos no país no ano passado foram causadas por acidentes com aeronaves menores.
Acidente mais fatal do século foi em 2007, com 199 mortes. Considerado também o pior acidente da aviação brasileira, a queda do Airbus A320 da TAM matou todas as 187 pessoas a bordo instantaneamente, além de outras 12 que estavam no solo. O avião pousou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, sem conseguir reduzir a velocidade, arremeteu e bateu no edifício da TAM e em um posto de gasolina, causando uma explosão.
Em 2021, queda de avião de pequeno porte vitimou a cantora Marília Mendonça. Em 5 de novembro, a aeronave Beechcraft King Air, que levava a cantora caiu na região de Piedade de Caratinga (MG). Além da estrela sertaneja, as outras quatro pessoas que estavam no voo também morreram.
Acidente em Ubatuba
Nesta quinta, um avião de pequeno porte explodiu após sair da pista em Ubatuba, no litoral de São Paulo. Cinco pessoas estavam a bordo no momento do acidente, sendo quatro passageiros e o piloto, que morreu preso às ferragens.
As cinco vítimas foram levadas para a Santa Casa de Ubatuba e, depois, transferidas para Caraguatatuba, cidade próxima. O avião pertence à família Fries. Estavam na aeronave a empresária Mireylle Fries, o marido dela, Bruno Almeida, e os dois filhos do casal, segundo a prefeitura de Mineiros (GO).
A mãe das crianças passou por cirurgia de emergência na Santa Casa de Ubatuba. Não há detalhes de qual procedimento foi realizado.
O acidente aconteceu na praia do Cruzeiro, ao lado do Aeroporto Estadual de Ubatuba. A aeronave tentava pousar. O voo partiu do Aeroporto Municipal de Mineiros, em Goiás (SWME), segundo a Rede VOA, concessionária responsável pelo aeroporto de Ubatuba.
Uma câmera de segurança gravou o momento em que a aeronave saiu da pista em alta velocidade e explodiu. Pessoas passavam pelo calçadão no momento do ocorrido. Inicialmente, a prefeitura havia dito que três pedestres também estavam entre as vítimas, mas 12h32 atualizou a informação, esclarecendo que apenas uma pessoa se feriu tentando correr.
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