Topo

Justiça ouve testemunhas em audiência do caso Geisy; Uniban não oferece conciliação

Geisy Arruda chega para audiência no Fórum de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo - Alessandro Valle/Futura Press
Geisy Arruda chega para audiência no Fórum de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo Imagem: Alessandro Valle/Futura Press

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

01/07/2010 16h19Atualizada em 01/07/2010 17h41

A primeira audiência que discute a indenização de R$ 1 milhão pedida pela estudante Geisy Arruda por ser hostilizada nas dependências da Universidade Bandeirante, em outubro do ano passado, está sendo realizada nesta quinta-feira (1º), na 9ª Vara Cível do Fórum de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

No início da audiência, por volta das 10h, o juiz Rodrigo Gorga Campos perguntou sobre a possibilidade de conciliação, o que foi negado pela universidade.

A ex-estudante chegou por volta de 9h50 ao fórum. "Estou muito nervosa. Mas vai dar tudo certo", disse ela ao UOL Notícias, antes de entrar no prédio. Ao todo, 13 testemunhas serão ouvidas, além da própria Geisy, que foi a primeira a falar.

Por cerca de uma hora, a ex-aluna do curso de Turismo contou detalhes do que ocorreu no dia 22 de outubro do ano passado, quando ela causou alvoroço e foi hostilizada por estar trajando um vestido rosa.

Ela afirmou que continua morando no mesmo lugar - em Diadema - e que sua vida continua a mesma. Afirmou, ainda, que "sofre muito" por ser apontada até hoje como "a meretriz da Uniban".

O advogado da Uniban, Vicente Cascione, questionou a estudante sobre os trabalhos que ela fez depois daquele dia, dando a entender que o fato de ela estar fazendo sucesso justifica o não pagamento da indenização.

Sete testemunhas já foram ouvidas na audiência de instrução. Duas delas em defesa em favor de Geisy --a estudante Paola Fernandes, amiga de Geisy, e o segurança da universidade Eduardo Giacon; uma testemunha em comum, o professor Rubens Soares, que dava aula para a turma de Geisy no momento dos insultos; e quatro testemunhas favoráveis à Uniban --o coordenador da universidade, o chefe da segurança, uma funcionário de recursos humanos e uma estudante.

Ainda devem prestar depoimento mais dois alunos e uma aluna. O juiz não interrompeu a sessão para um intervalo e promete ouvir todas as testemunhas ainda hoje.

De acordo com a assessoria de imprensa do TJ, entretanto, a decisão sobre a indenização não vai ser anunciada hoje. As partes ainda devem apresentar alegações final (oralmente, durante a sessão, ou por petição, dentro de 10 dias) e somente depois o juiz dará a sentença.

Ontem, Geisy havia contado que estava "um pouco tensa" por ser obrigada a rever as pessoas responsáveis "por todos seus problemas". "É gente que me fez muito mal. Para mim, não vai ser legal. Mas vou passar por isso, já que é a única forma de provar que fui violentada, moralmente falando, e lutar por justiça", afirmou ao UOL Notícias. "Fora isso, fui expulsa da Uniban. Não terminei nem o primero ano.”

A ex-aluna diz que está "superconfiante" e que já planeja voltar a estudar no ano que vem. "Mas ainda não decidi o quê."

Histórico
No dia 22 de outubro do ano passado, Geisy precisou ser escoltada por policiais para sair da Uniban, em São Bernardo do Campo (SP), após ser hostilizada por usar um vestido rosa curto. Centenas de pessoas participaram do episódio.

A universidade expulsou a jovem, mas ela foi readmitida após a repercussão do caso --entretanto, Geisy não voltou a frequentar o curso. A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar as ofensas, processo que ainda está em andamento em uma delegacia de São Bernardo do Campo.

*Com reportagem de Arthur Guimarães, Fabiana Uchinaka e informações da Agência Estado