Edson Davi: Família quer PF no caso após 6 meses do desaparecimento
A família do menino Edson Davi, que desapareceu no Rio de Janeiro no início deste ano, pede para que a Polícia Federal participe das investigações em meio a questionamentos sobre a condução do caso pela Polícia Civil. Nesta semana, o desaparecimento do garoto, que sumiu na Barra da Tijuca, completa seis meses.
O que aconteceu
O pedido para que a PF participe do caso por possível tráfico internacional de pessoas aparece em documento entregue à Polícia Civil. O requerimento é baseado em um relatório produzido por investigadores particulares, contratados pela família de Edson Davi.
A conclusão da investigação particular endossa tese que já era defendida pela família, de que o garoto não se afogou no dia 4 de janeiro, quando tinha 6 anos. "Meu filho não entrava no mar, eu conheço meu filho. Não encontraram nenhuma peça de roupa, mesmo depois de uma intensa busca no mar", disse a mãe Marize Araújo, em entrevista ao UOL.
Os advogados da família pedem para que os policiais civis levem em consideração o relatório para investigar possível rapto ou tipo grave de desaparecimento. Segundo o documento, foram ouvidas 17 testemunhas, indicadas por Marize. Vídeos e fotos também foram analisados. "Todas as pessoas que estavam presentes na praia naquele dia afirmam categoricamente que não viram Davi entrar no mar. [...] Se alguém afirmar que Davi se afogou, deverá apresentar novos fatos e evidências, pois não há nada que aponte neste sentido", conclui a investigação particular.
Entre os argumentos citados pelos investigadores contratados, está o suposto envolvimento de estrangeiros no caso. O relatório cita uma bola que poderia ter sido utilizada para atrair o menino, mesmo depois da saída dos estrangeiros da praia. No início das investigações, os policiais descartaram um estrangeiro como suspeito, já que câmeras mostraram o garoto indo em direção à areia, enquanto há imagens do estrangeiro indo embora.
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil enviou uma nota. O comunicado diz que as investigações continuam em andamento e ressalta que "não há registro de imagens que mostrem ele [Edson Davi] saindo da praia". "Diversas linhas de investigação foram consideradas e todas as denúncias foram apuradas, inclusive, em outros estados do país. A DDPA [Delegacia de Descoberta de Paradeiros] ouviu familiares e testemunhas".
Apesar de não citar afogamento, a nota reforça a todo momento que Edson Davi não saiu da praia. Uma testemunha teria dito que viu o menino entrar no mar três vezes enquanto brincava com outra criança, e um homem que trabalha com o pai do garoto teria afirmado que pediu para Edson sair da água devido às condições do mar.
O Corpo de Bombeiros informou que "segue atuante" no caso envolvendo o desaparecimento. A corporação afirma que ampliou a área de buscas para todo o estado do Rio de Janeiro e que equipes de guarda-vidas seguem a postos para o surgimento de novos indícios.
O UOL também entrou em contato com a PF sobre o pedido da família. Se houver resposta, o texto será atualizado.
'Luto de filho vivo'
Marize Araújo diz que vive um "luto de um filho vivo". "A falta dele é muito grande, mas não perco as esperanças de encontrar meu filho. Vou lutar enquanto tiver forças, não está sendo fácil conviver com esse luto de um filho vivo, sem saber onde está, sem saber por que levaram. É uma tortura", lamenta.
No mês passado, Giovanna, irmã de Edson Davi, completou 23 anos. O que era para ser comemoração, foi mais um momento em que a ausência do menino foi sentida. "Ela considerava ele um filho também. Giovanna sempre me ajudou a cuidar de Davi. E ele cuidava dela, cuidava do irmão de 3 anos, que é autista", lembra Marize.
Nas redes sociais, a mãe do menino compartilhou fotos do aniversário de Giovanna comemorado no ano passado, quando Edson Davi ainda estava presente. "Faz quatro meses que se tornou muito difícil para nós comemorar as nossas datas especiais sem nosso pequeno Davi. Então, filha, só posso te desejar forças para continuar", diz um trecho do post.
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Quero receberA família organizou uma manifestação para quinta-feira (4), na Barra da Tijuca. O objetivo é cobrar que a Polícia Civil atenda aos pedidos feitos pelos advogados.
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