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MP pede hoje prisão de Mizael e vigia por assassinato da advogada Mércia Nakashima

Do UOL Notícias

Em São Paulo

02/08/2010 13h21Atualizada em 02/08/2010 15h02

O promotor Rodrigo Merli Antunes, do Ministério Público de Guarulhos (SP), irá denunciar nesta segunda-feira (2) o policial militar aposentado Mizael Bispo de Souza e o vigia Evandro Bezerra Silva pela morte da advogada Mércia Nakashima, segundo informou a assessoria do promotor.

Nakashima, ex-namorada de Mizael, foi encontrada morta numa represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. O MP vai acusar Mizael e Evandro à Justiça de Guarulhos pelo assassinato da advogada, ocorrido em 23 de maio, e pedirá a prisão preventiva de ambos. O vigia já está detido temporariamente em Guarulhos. Já Mizael foi indiciado pelo crime, mas conseguiu habeas corpus.

Márcio Nakashima, irmão da vítima, disse ter uma boa expectativa para essa nova fase do caso e torce para que o pedido de prisão preventiva contra Mizael, sugerido ao Ministério Público pelo delegado do caso, Antônio de Olim, seja concedido pela Justiça. "Antes de tudo, queremos que se oficialize o pedido de prisão. Mas nosso desejo é que o crime seja esclarecido e os culpados colocados na prisão", argumentou.

Com a denúncia, Mizael e Evandro passam a ser acusados oficialmente por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Se a denúncia foi recebida pela Justiça, eles viram réus em processo penal.

Inquérito policial
A Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito sobre o assassinato de Mércia no último dia 27, após dois meses de investigação, e pediu a prisão preventiva de Mizael. O documento foi encaminhado ao Fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo. A polícia também pediu a preventiva de Evandro Bezerra, suspeito de ter sido comparsa no crime.

O pedido tem como base, entre outros argumentos, laudo do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo que concluiu que a causa da morte da advogada, desaparecida desde o dia 23 de maio e encontrada morta no dia 10 de junho em uma represa em Nazaré Paulista, na Grande São Paulo, foi afogamento. O laudo mostra que Mércia levou um tiro no braço esquerdo, que também atingiu a boca. Mas a causa da morte foi afogamento na represa.

As informações são importantes pois indicam que a advogada chegou com vida até a represa. Até o resultado, as autoridades não sabiam se ela poderia ter sido executada em outro local e levada já morta ao ponto em que o cadáver - e seu carro - foram encontrados.

No último dia 20, Olim interrogou o ex-namorado de Mércia. As autoridades apresentaram uma prova surpresa durante o depoimento realizado no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), centro da capital paulista.

Segundo o delegado, a polícia descobriu um celular que seria usado por Mizael, mas registrado em nome de uma terceira pessoa. A quebra do sigilo telefônico revelou que o advogado usava o aparelho para telefonar para o vigia.

Conforme o promotor Rodrigo Merli Antunes, que esteve no interrogatório, sempre que telefonava para Mércia, Mizael ligava para Evandro em seguida. "[Mizael] falou 16 vezes com a Mércia nesse dia [da morte], e ligava para o Evandro depois”. O representante do Ministério Público no caso já anunciou que irá pedir a prisão preventiva de ambos no início de agosto, quando deve apresentar denúncia pelo crime.

A polícia concluiu que o celular pertence a Mizael após terem sido constatadas ligações do aparelho para familiares dele. Depois do crime, os telefonemas cessaram. Segundo o delegado, Mizael assumiu possuir o chip em nome de outra pessoa.

Interrogatório-chave
O pedido de prisão temporária do policial aposentado aconteceu depois da prisão do vigia, detido em Sergipe e trazido para São Paulo. Ele afirmou às autoridades policiais que, no dia do homicídio, foi orientado a pegar o ex-namorado de Mércia em uma represa em Nazaré Paulista, onde o corpo dela foi encontrado.

Em seu depoimento, Silva disse ter visto Mizael com uma arma na mão na cena do crime e afirmou que ouviu o colega comemorar o assassinato, dizendo "já era, já era." Ontem, no entanto, ele apresentou uma nova versão sobre seu depoimento, alegando ter sido torturado.

A advogada Mércia Nakashima desapareceu em 23 de maio. Ela foi vista pela última vez ao deixar a casa da avó, em Guarulhos (SP). O corpo de Mércia foi encontrado em uma represa de Nazaré Paulista, cidade do interior de SP, em 11 de junho. O principal suspeito pela morte dela é o ex-namorado, Mizael Bispo de Souza.

Segundo a polícia, relatório das ligações dos celulares da advogada aponta que a última ligação recebida por ela no dia do seu desaparecimento foi de Mizael, às 14h30 do dia 23. Além disso, a polícia também afirma que o GPS (localizador via satélite) do carro de Mizael mostrou que ele passou pelo local onde Mércia foi vista pela última vez.

O ex-namorado dela nega qualquer envolvimento no caso e diz que passou a tarde do dia 23 de maio com uma garota de programa.