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Oito corpos são resgatados de naufrágio no PA; comandante será indiciado

Sandra Rocha<br>Especial para o UOL Notícias

Em Belém

11/08/2010 16h59Atualizada em 11/08/2010 18h12

O comandante Manoel Fernandes, responsável pela embarcação que naufragou na madrugada da última segunda-feira no rio Parauaú, próximo ao município de Breves (PA), será indiciado por homicídio doloso. Oito pessoas morreram. A polícia descobriu que, ao contrário do que se disse inicialmente, foi a precariedade da embarcação e a superlotação que causou o acidente e não uma batida contra um banco de areia.

Acidentes fluviais já mataram 182 em três anos no Norte

  • Em julho de 2009, o barco Karolina do Norte naufragou na foz do igarapé de Educandos, em Manaus, e duas pessoas morreram. Na época, dados da Capitania dos Portos apontavam 182 vítimas de acidentes fluviais nos rios do Acre, Amazonas, Amapá, Roraima, Rondônia e Pará, Estados onde o transporte fluvial é a principal via de deslocamento. Transporte clandestino e falta de fiscalização são os principais problemas

Na manhã desta quarta-feira (11), o Corpo de Bombeiros achou as três últimas pessoas desaparecidas: uma mulher de 38 anos, grávida de sete meses, e duas crianças entre 1 e 3 anos de idade. As outras cinco vítimas, encontradas até ontem, também eram crianças.

O delegado Marcelo Ferreira Luz, titular da Superintendência Regional das Ilhas do Marajó, revelou que as mortes serão denunciadas em inquérito policial. O crime foi classificado como homicídio doloso porque o comandante assumiu o risco de acidente ao transportar a tripulação sem as condições necessárias de segurança.

Segundo o delegado, o comandante Manoel Fernandes não possuía habilitação, nem autorização da Capitania dos Portos para trafegar pelos rios do Pará. Há, ainda, o agravante do excesso de passageiros e a precariedade do barco construído artesanalmente.

Com base em perícia feita no local e nos testemunhos, o delegado afirma que a parte onde os passageiros estavam se sustentava sobre uma madeira muito fina. "Não tinha como manter todos os passageiros ali", disse Luz ao concluir que os passageiros caíram na água, por volta das 4h30, após o desabamento da parte de cima da embarcação.

O Corpo de Bombeiros calcula que havia cerca de 40 a 50 passageiros além da capacidade do barco. A Capitania dos Portos informou que o barco não possui registro no órgão e, como sai de porto particular, não foi submetido à fiscalização.

Segundo a polícia, a prisão do comandante deve ser pedida ao longo da investigação. A reportagem não conseguiu localizar o acusado para comentar o acidente.