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Mulher morre 11 dias depois de fazer laqueadura em GO; polícia investiga erro médico

Luiz Felipe Fernandes <br>Especial para o UOL Notícias <br>Em Goiânia

20/09/2010 16h12

A técnica em enfermagem Adriana Matheus Fonseca, 35, morreu no fim da tarde de domingo (19) em Goiânia (GO). Adriana estava internada no Hospital de Urgências de Goiânia desde o dia 11 de setembro, depois te per passado por uma cirurgia de laqueadura no Hospital Municipal de Caturaí (a 44 quilômetros de Goiânia) no dia 8 de setembro.

A Polícia Civil de Goiás vai investigar se um erro médico pode ter causado a morte da técnica em enfermagem. Segundo a família da paciente, os médicos informaram que ela teve uma septicemia (infecção generalizada) em consequência de uma perfuração no intestino.

Adriana trabalhava num hospital na cidade de Inhumas, vizinha à Caturaí, e conhecia o médico Irdival Figueiredo, com quem acertou a operação. O marido da técnica em enfermagem, Oscalino Bueno Azevedo, conta que nos três primeiros dias depois de ter sido operada, Adriana reclamava de fortes dores abdominais. No dia 11 de setembro, ela precisou ser transferida de Caturaí para Inhumas. No mesmo dia à noite, foi levada já em estado grave para a capital, onde permaneceu na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) até a morte.

A irmã da vítima, Mariella Matheus Fonseca, que viajou de São Paulo ao interior de Goiás para acompanhar o caso, diz que procurou o médico para saber o que tinha acontecido. “Ele me disse que na hora da cirurgia percebeu algumas aderências na barriga da minha irmã e que por cortesia, só mesmo por estética, iria retirá-las”, afirma.

Segundo Mariella, o procedimento foi feito sem o consentimento da paciente, que já se encontrava anestesiada, e sem que a família fosse comunicada.

Procedimento necessário

O coordenador de enfermagem do Hospital Municipal de Caturaí, Luciano Bessa, que participou da cirurgia, dá outra versão. Ele explica que essas aderências (acúmulo de tecido na região adbominal) atrapalhariam a realização da laqueadura e, portanto, deveriam ser retiradas. “A paciente já tinha feito três cesarianas. Esse procedimento era necessário”, afirmou.

Bessa admite que a técnica em enfermagem saiu da sala de cirurgia com íleo paralítico, uma obstrução intestinal que, segundo ele, pode acontecer até 72 horas depois de uma cirurgia como a de laqueadura.

A secretária de Saúde de Caturaí, Mislaine Cristina de Souza, nega que Adriana teve o intestino perfurado durante a operação. Ela alega que entrou em contato com o Hospital de Urgências de Goiânia para ter acesso ao laudo com a causa da morte.

Mas, de acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde, responsável pelo hospital de Goiânia, a paciente já chegou ao Hospital de Urgências com a perfuração intestinal.

O boletim de ocorrência registrado num posto policial de Goiânia deve ser remetido ainda hoje à delegacia de Goianira, responsável pela investigação de crimes na vizinha Caturaí. O Conselho Regional de Medicina de Goiás ainda não foi recebeu denúncia formal sobre o caso.

Procurado pela reportagem do UOL Notícias, o médico Irdival Figueiredo não foi encontrado para se pronunciar sobre o caso.