Repórter usava programa policial para ajudar quadrilha, diz polícia do PR; 17 são presos
A Polícia Civil de Campo Mourão, na região de Maringá (noroeste do Paraná), prendeu 17 pessoas nesta quinta-feira (6) suspeitas de crimes que vão de tráfico de drogas e associação para o tráfico a roubo, lavagem de dinheiro e homicídio. Uma das presas é uma jornalista da cidade, que, namorada de um traficante líder do grupo, repassava informações sobre onde e quando a polícia realizava operações. Em troca, ele ajudaria Maritania Forlin, 25, em pautas da emissora de TV onde a jovem, formada em Comunicação Social/Jornalismo em Pato Branco (sul paranaense), trabalhava.
As investigações duraram três meses e contaram com interceptações telefônicas autorizadas judicialmente. “Nem desconfiávamos da moça. Nas interceptações é que começamos a perceber que ela orientava o criminoso, pois era repórter de programa policial e tinha informações, até certo ponto informações privilegiadas; por outro lado, também pedia para ele ligar quando tivesse um assassinato, por exemplo, para ela chegar primeiro (que outras equipes de reportagem)”, explicou ao UOL Notícias o delegado-chefe da Polícia Civil de Campo Mourão, José Aparecido Jacovós. "O traficante era meio que um agente de produção dela”, comparou.
Segundo o policial, entre as peculiaridades da escuta está um trecho da gravação –sempre sem códigos, disse Jacovós– em que a jornalista pedia ao parceiro que lhe arranjasse um viciado em crack para um “entrevista exclusiva”. Nos dois últimos meses, ela atuava na apresentação de um programa de variedades na TV. Ela foi presa por associação com o tráfico e será levada à cadeia pública da cidade.
O chefe do grupo que comandava o esquema de tráfico na cidade de 87.287 habitantes, Gilmar Tenório Cavalcanti, 35, também preso e suposto namorado de Maritania, já tinha passagens na polícia pelo mesmo crime.
O delegado que comandou as investigações informou que a jovem não tinha ainda um advogado constituído, a exemplo de Cavalcanti.
De acordo com o delegado, entre os outros presos pelos demais crimes investigados há também comerciantes, um advogado, vendedores e uma dona de casa, que vai para a mesma cadeia da jornalista. Os demais serão levados ao presídio local. Dois adolescentes também foram apreendidos na operação, batizada de “Vila Mendes” em função de ter sido realizada no bairro que está localizado na periferia.
A droga apreendida –maconha, crack e cocaína– provinha da fronteira Brasil-Paraguai, informou o policial, e seria revendida em Campo Mourão. Jacovós não entrou em detalhes sobre eventuais depoimentos que já tivessem sido tomados.
Currículo
A jornalista era terceirizada da emissora RIC TV, afiliada da Rede Record no Paraná, conforme informou a Polícia Civil.
A RIC/Record, em nota assinada pelo editor-chefe da emissora em Curitiba, Leonardo Filho, informou que a jornalista “foi repórter contratada da produtora AWR Publicidade e Propaganda Ltda, parceira do programa Cidades no Ar, exibido diariamente na RICTV Maringá”, mas que teria trabalhado lá “por pouco mais de quatro meses no programa e foi demitida da produtora há aproximadamente 60 dias. Em nenhum momento ela participou de programas estaduais da RICTV e muito menos da Rede Record.”
Em um site de currículos online, a jornalista se apresenta como profissional que possui “responsabilidade social, responsabilidade de construir uma sociedade democrática” e destaca: “Na atualidade, com o avanço tecnológico dos meios mais tradicionais de comunicação, o jornalista parece perder o seu papel de divulgador de informação. No entanto, devemos continuar como principal defensor da liberdade de expressão e analista dos acontecimentos diários”.
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