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Tragédia na região serrana do Rio já registra quase 540 mortos

Do UOL Notícias

Em São Paulo*

14/01/2011 09h15Atualizada em 14/01/2011 15h49

A sexta-feira (14) na região serrana do Rio de Janeiro começou com chuva e com aumento nos números de mortos em função dos deslizamentos dos últimos dias, nesta que já é considerada a maior tragédia climática do Estado e do país. Até as 15h30, pelo menos 539 pessoas mortas já haviam sido confirmadas em dados fornecidos pelas prefeituras e Defesas Civis dos municípios atingidos, além da secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil do Rio (Sesdec). Segundo a Polícia Civil do Estado do RJ, cerca de 400 corpos já foram identificados até as 12h. Quatro corpos de São José do Vale do Rio Preto, confirmados apenas hoje, também foram identificados.

A tragédia em imagens

No município de Teresópolis, a Defesa Civil local confirmou no início da tarde 229 mortos, de modo que 102 corpos já foram liberados para sepultamento.

Nova Friburgo contabiliza pelo menos 246 mortos, segundo representantes da prefeitura local; entre as vítimas que morreram, há três bombeiros. Em entrevista ao UOL Notícias na cidade ontem (13), o comandante do bombeiros no RJ, Pedro Machado, admitiu que o necrotério improvisado na praça Getúlio Vargas, região central, está preparado para receber 400 corpos. Das cidades atingidas, Nova Friburgo é a que apresenta maior dificuldade de atualização e confirmação de números, uma vez que o sistema de telefonia está em pane desde a madrugada de segunda (10) para terça (11), e também porque os balanços do Estado não são repassados com dados mais recentes dos bombeiros estaduais.

Petrópolis, com os registros de Itaipava, segundo os dados da Sesdec, tem 41 mortes confirmadas. A prefeitura local decretou situação de emergência, mas salienta que o restante da cidade não foi devastado, a exemplo do distrito.

No município de Sumidouro, ontem foram registradas 19 mortes, todas na localidade rural na cidade de Campinas.

Autoridades no local

Nesta sexta (14), o governador Sérgio Cabral deve sobrevoar Teresópolis e Petrópolis. Ele deve visitar os bairros do Caleme e Posse, em Teresópolis, além do ginásio Pedrão, onde famílias estão abrigadas temporariamente. Depois, vai aos bairros de Benfica e Vale do Cuiabá, afetados em Petrópolis.

Nesta quinta, a presidente Dilma Rousseff sobrevoou a região e, em Nova Friburgo, cidade mais atingida, afirmou que "o momento é de solidariedade, resgate e apoio". "Não dá para mensurar recurso agora. Estamos colocando o que nós temos à disposição. Arcamos com esse custo sem problema. Todo o resto vamos ter que quantificar do que se trata", afirmou  a presidente.

Dificuldades de acesso

No começo da tarde de ontem, equipes de resgate da Defesa Civil de Petrópolis chegaram às áreas conhecidas como Alto Cavalo e Santa Rita, no Vale do Cuiabá, que são os locais com o maior grau de dificuldade de acesso para as equipes. No local, foram encontradas 26 pessoas que estavam isoladas e sem nenhum meio de comunicação.

Tragédias no RJ em 2010

  • Angra dos Reis

    (1º jan)

    Em Angra dos Reis, dois deslizamentos causaram 53 mortes no primeiro dia de 2010, no morro da Carioca, em Angra, e na Praia do Bananal, na Ilha Grande

  • Niterói

    (5 e 6 de abril)

    Temporais no Estado deixaram 257 mortos. Em Niterói, a região mais atingida, 168 pessoas morreram

  • Bumba

    (7 de abril)

    Na madrugada do dia 7 de abril, um deslizamento no morro do Bumba matou 45 pessoas

    Já em Teresópolis, por determinação do prefeito, Jorge Mário, 300 novas covas individuais são abertas desde ontem no cemitério municipal Carlinda Berlim. "A chuva não foi concentrada nas áreas consideradas de maior risco. Se ela tivesse ocorrido nas áreas com construções irregulares, o estrago teria sido muito maior", disse o coronel Flávio Luiz Castro, da Defesa Civil Municipal.

    Apenas em Nova Friburgo, onde se estima que os efeitos da catástrofe sejam mais devastadores, o comandante dos bombeiros afirmou que há mais de 220 desaparecidos. Sem luz e com pouca água, o hospital municipal opera desde ontem acima da capacidade. Mesmo assim, o tenente-coronel Marrafa, da Defesa Civil do Estado, acredita que “sempre há esperança de ter vida debaixo dos escombros, mesmo depois de 48 horas”. Segundo informou a Defesa Civil, existem mais de 30 frentes dos bombeiros atuando em todo o município.

    Recorde negativo

    As mortes na região serrana do Rio, este ano, superam as contabilizadas em enchentes de 1966 e 1967 registradas no Estado, antes, consideradas como o maior desastre do Rio de Janeiro. A maior tragédia climática do país era a de Caraguatatuba, no litoral paulista, em 1967, quando 436 pessoas morreram.

    Limpeza  e buscas

    Durante a madrugada de hoje (14), o trabalho de buscas foi mantido apenas em Nova Friburgo.

    Nos municípios de Teresópolis e Petrópolis as buscas foram interrompidas por causa da falta de iluminação e devido à chuva que caiu durante a madrugada, mas os serviços já foram retomados no início da manhã de hoje. Alguns bairros desses municípios continuam sem luz e sem água e boa parte do comércio permanece de portas fechadas.

    Uma equipe de cerca de 250 garis da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) segue para Friburgo para ajudar na limpeza da cidade. Também estão sendo enviados para a região carros-pipa e pás mecânicas.

    Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a chuva poderá voltar a atingir as cidades da região serrana nesta sexta-feira. O governo do estado informou que cerca de 10 mil pessoas foram atingidas pela tragédia.

    * Com informações de Fabíola Ortiz, em Nova Friburgo, especial para o UOL Notícias, e da Agência Brasil