Cachorro em Teresópolis 'guarda' túmulo da dona, morta nas chuvas do Rio
Do UOL Notícias
Em São Paulo
15/01/2011 12h44
O cachorro Leão “guarda” o túmulo de sua dona, Cristina Maria Cesário Santana, morta nas chuvas que atingiram a região serrana do Rio de Janeiro nesta semana. Segundo a agência de notícias France Presse, que registrou a imagem do cachorro neste sábado (15) no cemitério de Teresópolis, o animal está há dois dias no local onde sua dona foi enterrada.
Luto
O governador do Rio, Sérgio Cabral, decretou luto oficial de sete dias pelas vítimas das chuvas na região serrana. O decreto assinado na sexta-feira (14) entrará em vigor na segunda-feira (17), quando será publicado no “Diário Oficial”. O número de mortos nas cidades atingidas por enchentes e deslizamentos na madrugada de quarta-feira (12) já ultrapassa 550; as buscas continuam.
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Para ajudar nas buscas no distrito de Itaipava, em Petrópolis, o Exército brasileiro disponibilizou três caminhões e 105 homens – no local, o número de mortos chega a 43. Segundo a Prefeitura de Petrópolis, as frentes de trabalho no local contam com cerca de 600 homens de diversas equipes diferentes (entre elas Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Petrópolis Resgate).
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Na manhã deste sábado, as equipes de Petrópolis foram deslocadas para os locais com maior dificuldade de acesso, como a região do Vale do Cuiabá. O trabalho em áreas de melhor acesso foram realizados também durante a madrugada.
Balanço
No município de Teresópolis, a Defesa Civil estadual confirmou 240 mortos. Destes, 102 corpos foram liberados para sepultamento. Mas os sobreviventes enfrentam a desolação e a chuva para tentar identificar os cadáveres. “A gente fica muito angustiado, mas acho que vou conseguir reconhecer. A gente não deseja uma dor dessas pra ninguém”, diz Maria Porcina da Silva Ramos, que ainda tem dois familiares desaparecidos.
Em razão da demanda, que extrapola as mais pessimistas previsões, o IML (Instituto Médico Legal) da cidade teve de ser deslocado. Antes da tragédia, funcionava dentro da 110ª DP do município e tinha capacidade para apenas 14 cadáveres. Agora, está improvisado num imóvel de dois andares e 3.000 m2, antiga sede de uma igreja evangélica, em frente à delegacia.
Nova Friburgo, a cidade mais atingida, contabiliza pelo menos 252 mortos, segundo Secretaria de Estado da Saúde e da Defesa Civil. Em meio a boatos sobre saques, os moradores precisam lidar com o medo de assaltos e arrastões, boatos sobre invasões de delegacia e falsos alarmes sobre o rompimento de represas. Até a manhã deste sábado, quando chove forte na cidade, os familiares já identificaram 196 mortos, enquanto 52 corpos aguardam identificação. Há cerca de 5 mil desabrigados.
A cidade foi destruída, o comércio ainda não voltou a funcionar e, somente agora, a população começa a sair de casa para comprar mantimentos, água e tentar conseguir combustível. “O pessoal enche o tanque com medo de acabar e não sobra nem para os carros de resgate”, diz o professor de jiu-jitsu Fábio Moraes, 33. “Perdi mais de cem amigos. Alunos e amigos de infância. Está um caos.”
Nova Friburgo (RJ) enterra seus mortos
em comboios de caixões
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Cenário de destruição em Nova Friburgo (RJ) -
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Dor e caos marcam a rotina
O número de mortos congestiona os IMLs (Instituto Médico Legal) dos municípios atingidos. Em Nova Friburgo, os sobreviventes carregam os caixões e formam um congestionamento nas ladeiras do cemitério São João Batista, único da cidade que não ficou ilhado. Os feridos enterram os mortos. Muitos deles poderão ser enterrados sem identificação.
Entre os 43 mortos de Petrópolis estão os parentes de Erick Connolly de Carvalho, 41, executivo da Icatu Holding, que enterrou no Rio dois filhos, os pais, a família da irmã, a estilista Daniella Connolly, e familiares da mulher Isabela de Carvalho, que permanece internada no Hospital Copa d'Or.
Como voltou a chover, e a previsão é de novos temporais nos próximos dias, o risco de novas enxurradas e deslizamentos preocupa as autoridades locais, que ainda trabalham para desobstruir estradas, retomar o abastecimento de água e atender os moradores que já perderam suas casas.
No município de Sumidouro, foram registradas 18 mortes, todas na localidade rural na cidade de Campinas. Uma pessoa está desaparecida e cinco estariam soterradas. A prefeitura, que havia divulgado um total de 20 mortos, corrigiu a informação no início da noite desta sexta. O prefeito da cidade afirmou que pelo menos 300 famílias estão em áreas isoladas.
Em São José do Vale do Rio Preto, a Polícia Civil confirma 4 mortes. Moradores ilhados foram resgatados com a ajuda de botes pelos bombeiros.
Cidades com registro de mortes por conta da chuva
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