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Jornalista e outros quatro suspeitos de ligação com tráfico no PR devem ser soltos

Janaina Garcia <br> Do UOL Notícias

Em São Paulo

26/01/2011 11h36

A Justiça Criminal de Campo Mourão (noroeste do Paraná) avalia ainda esta semana pedido da Polícia Civil na cidade para que cinco das 19 pessoas presas desde o último dia 10 por envolvimento com o tráfico de drogas sejam soltas -- entre elas, uma repórter de TV que seria informante do grupo, segundo as investigações.

O grupo foi preso após mais de dois meses de interceptações telefônicas. A droga comprada no Paraguai, conforme a polícia, seria vendida no próprio município. Foi o que apontaram as ligações monitoradas pelos policiais, com autorização da Justiça, e que revelaram conversas entre a jornalista Maritânia Forlin, 25, de uma emissora local, e o apontado nas investigações como chefe do tráfico, Gilmar Tenório Cavalcanti, 35, também preso. O material rendeu não apenas a prisão como o indiciamento dela por associação com o tráfico, apologia ao crime e prestação de informações ao crime organizado.

Segundo o delegado que coordena o inquérito, José Aparecido Jacovós, a apologia ao crime, que até então não era citada como motivo de indiciamento, se deve também ao apurado das ligações entre a jornalista e Cavalcanti, com o qual ela manteria um relacionamento. “Além de passar informações de onde haveria operações da polícia, por exemplo, ela ainda pedia que, no caso de o Gilmar saber de um assassinato, fosse avisada logo para chegar antes de outras equipes de TV. Isso incentiva um crime, é apologia”, diz o delegado.

Sobre o ofício em que pede o fim da prisão temporária da jornalista e de outras quatro pessoas, Jacovós afirmou que a medida não vai afetar as investigações. “Estamos terminando o inquérito, que fica pronto no próximo dia 4; essas pessoas (que devem ser soltas) não têm necessidade de aguardar presas porque a participação criminosa delas na operacionalziação do tráfico não é tamanha como nos demais casos”, definiu. “O que não significa que não serão indiciadas e até denunciadas, pois o inquérito segue para o Ministério Público”, ressalvou o policial. Além dos 19 presos na operação, outras seis pessoas acabaram indiciadas nos últimos dias por terem, conforme as investigações, ligações com a quadrilha envolvida em tráfico, roubo e assassinatos.

O advogado de Maritânia, Anderson Carraro, negou que ela soubesse que os integrantes da quadrilha, suas fontes de matérias jornalísticas, tivessem relação atual com o tráfico na cidade, bem como que Cavalcanti – como aponta a polícia -- fosse amante da jovem.

Agentes foragidos

Enquanto a Polícia Civil finaliza o inquérito sobre o grupo ligado ao tráfico, um outro inquérito instaurado dias depois está com dois mandados de prisão ainda não cumpridos: de dois agentes de carceragem, da delegacia local, que teriam auxiliado presos na entrada de drogas, comida e bebidas alcoólicas em uma festa de Ano Novo. Segundo Jacovós, os agentes -- cujos nomes não foram revelados -- estão foragidos. Eles foram indiciados por corrupção e favorecimento ao crime organizado e teriam beneficiado homens da quadrilha presa após as interceptações.