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Jornalista suspeita de ligação com o tráfico no PR sai da cadeia e promete "livro de memórias"

A jornalista Maritânia Forlin, do Paraná, passou 20 dias presa por suspeita de ligações com o tráfico - Arquivo pessoal
A jornalista Maritânia Forlin, do Paraná, passou 20 dias presa por suspeita de ligações com o tráfico Imagem: Arquivo pessoal

Janaina Garcia <br>Do UOL Notícias

Em São Paulo

27/01/2011 20h33

Solta ontem (26) depois de passar 20 dias presa em uma cadeia de Campo Mourão (noroeste do Paraná), a jornalista Maritânia Forlin, 28, falou nesta quinta-feira (27) ao UOL Notícias de que forma pretende se defender da suspeita de associação com o tráfico na região: vai escrever um livro de memórias.

Maritânia teve a prisão preventiva revogada pela Justiça um dia depois de o delegado que preside o inquérito, José Aparecido Jacovós, ter se manifestado pela soltura da jovem e de outras quatro pessoas. De acordo com ele, no entanto, a liberação de parte do grupo não significa liberação de indiciamento: no caso dela, por exemplo, Jacovós adiantou que será por associação com o tráfico, apologia ao crime e prestação de informações ao crime organizado.

A jornalista disse ter tido na cadeia a ideia de escrever um livro narrando a experiência profissional e os “bastidores” que a levaram a ser alvo da operação policial do último dia 6. Conforme a polícia,  ela seria amante de Gilmar Tenório Cavalcanti, 35, preso e apontado nas investigações como líder de uma quadrilha de tráfico, roubo e assassinato. A relação foi descoberta, disse o delegado à época, durante os dois meses de interceptação telefônica na qual Maritânia não apenas orientaria membros da quadrilha sobre locais de atuação da polícia, como ainda pediria para ser avisada caso algum homicídio fosse praticado --a fim de que chegasse antes de outras equipes de TV.

“Passei dias bastante difíceis, ainda não estou tranquila, mas comecei a escrever um livro para relatar isso: mostrar a profissão de um repórter policial, a consequência desse tipo de mídia que sensacionaliza a violência e algumas histórias que eu presenciei”, disse. A jornalista atuou dois anos como repórter policial e, nos dois últimos meses, apresentava um programa de variedades “com temática motivacional”, em uma produtora local.

Indagada sobre o relacionamento que a polícia afirma existir entre ela e o apontado como líder do tráfico, a jornalista resumiu: “Isso eu vou contar no livro”. Assim como será “no livro” que ela pretende se defender da suposta associação com o tráfico. “Você se relacionar com um traficante não faz de você um traficante, assim como ter um relacionamento com um pastor não faz de você uma religiosa”, compara. Sobre as gravações, ela relativiza. “Há muitas coisas ali que não foram separadas; não se sabe se sou eu, ou não”.

A jornalista afirma que pretende lançar a publicação “o mais rápido possível” para depois “descansar e reconstruir minha imagem”.

Dias depois da prisão, o advogado de Maritânia, Anderson Carraro, disse à reportagem que entre os presos havia fontes profissionais da cliente. Questionada sobre isso, ela resumiu: “Tenho entre minhas fontes prostitutas, travestis, pessoas do mundo do crime, muitas pessoas da polícia, e fontes a gente não revela. Não vou ‘queimar’ a pessoa e ficar sem informação".

Outras 14 pessoas ainda estão presas e mais seis foram indiciadas por algum tipo de ligação com a quadrilha. O delegado definiu para o próximo dia 4 o encerramento do inquérito.