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Termômetros de cinco capitais ultrapassaram os 35°C neste verão; Rio teve a maior temperatura máxima

Rosanne D'Agostino

Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

11/02/2011 07h30

“Está cada dia mais calor” ou “Nunca vi um dia tão quente” são algumas das frases que resumem o dia a dia de brasileiros em algumas das capitais brasileiras neste verão. Cinco delas registraram temperaturas máximas superiores aos 35°C. No Rio de Janeiro, o calor quase bateu recorde, acima dos 40°C. Mas, segundo meteorologistas, o calor excessivo é normal nessa época do ano em algumas regiões e não houve, ao longo dos últimos anos, elevação significativa de temperatura no Brasil.

Segundo levantamento feito pelo UOL Notícias, com base nos dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Rio de Janeiro, Cuiabá, Boa Vista, Porto Alegre e Teresina são as capitais que registraram as temperaturas mais altas desde o dia 21 de dezembro do ano passado, início da estação.

No Rio de Janeiro, o dia mais quente do ano foi 28 de janeiro, quando o termômetro marcou 41,4°C em Santa Cruz. Não ultrapassou, no entanto, a temperatura máxima registrada em 16 de fevereiro de 2010, com 41,8°C. Em 2003, a cidade chegou a ter 41,3°C. Já Brasília registrou a “menor” temperatura máxima do verão, 30,4°C, antecedida por Curitiba e Natal.

Segundo Hamilton Carvalho, meteorologista do Inmet, apesar da sensação de que o calor aumenta a cada ano, a temperatura não aumentou. “Foram mantidas as médias. Nessa época, tem regiões onde faz mais calor, e outras, menos. Não existe nada especial elevando as temperaturas”, afirma. “No verão, é normal acontecer isso no Rio de Janeiro.”

O especialista explica que há fatores que influenciam o calor, principalmente os fenômenos climáticos. “Neste ano, estamos sob o efeito do La Niña, com muitas chuvas no norte do país e poucas chuvas no sul. Tem anos que a falta de chuva provoca o aquecimento maior numa região, então, no outro ano, volta a chover normal”, diz.

Calor e chuvas

Em São Paulo, as chuvas causaram 26 mortes, a maioria em razão de deslizamentos, desde o início da Operação Verão, realizada pela Defesa Civil estadual. Mais de cem municípios foram atingidos. Já em Santa Catarina, diferentemente do que ocorreu na tragédia das chuvas de 2008, choveu menos do que o esperado para janeiro.

Segundo Carvalho, é prematuro falar em aquecimento global. “Essas mudanças não acontecem em curto prazo. Em 50 em 60 anos, eleva-se muito pouco a temperatura. No planeta, há áreas mais quentes. Mas aqui, não notamos grande diferença.”

A explicação para a ocorrência de temperaturas altas também nas regiões Centro-Oeste e Sudeste está, conforme o meteorologista, ligada da mesma forma ao La Niña, que trouxe alterações, ainda que menos significativas. “Foi um pouquinho acima da média, de chuva. Na região serrana, tudo contribuiu, mas o La Niña também provocou chuva um pouco acima da média.”

Um desastre como o ocorrido na região serrana, em que mais de 800 pessoas morreram, no entanto, é creditado também à ação do homem. “Dá a impressão de que está ocorrendo só agora. Desastre sempre ocorreu. Simplesmente não tinha essa ocupação desordenada no passado e também a divulgação tamanha como existe hoje”, avalia. “Se o homem provoca distúrbio na natureza, isso vai causar consequência.”

Para o especialista, a mesma impressão ocorre com relação às temperaturas. “É que antes não se dava importância, a população não tinha essa informação técnica. Não se falava quantos graus. Hoje as pessoas já estão com mais conhecimento técnico. Já há interação”, conclui.