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Nove meses depois de perder dois terços do acervo, Butantan começa obras do novo Prédio de Coleções

Flávia Albuquerque <br>Da Agência Brasil

Em São Paulo

23/02/2011 17h32

Depois de perder dois terços de sua coleção de répteis e anfíbios em um incêndio em maio do ano passado, o Instituto Butantan começou, neste mês, a construir o novo Prédio de Coleções, que terá o espaço mais bem organizado e distribuído para o armazenamento do material científico, além de ferramentas modernas para controle de ambientes e prevenção de incêndio.

As obras foram anunciadas hoje (23), como parte das comemorações dos 110 anos do instituto. Ao todo, serão investidos R$ 3 milhões na obra.

De acordo com o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, o novo prédio é fundamental para a conservação de um dos mais importantes acervos de herpetologia – ramo da zoologia que, dentre os animais, estuda especificamente répteis e anfíbios. “Um acidente como o que ocorreu no ano passado não pode se repetir, nem com as coleções, nem com nada que temos aqui dentro. Com o tempo, o Butantan vai ter que se adequar ao século 21”.

Kalil disse que as espécies perdidas no incêndio serão repostas por meio de novas coletas em campo e com doações, mesmo que essas últimas tenham diminuído recentemente por conta das leis ambientais. “Sem dúvida, sempre tem trocas nacionais e internacionais para que possamos repor. O acervo de serpentes sofreu um baque muito grande e esperamos que ele volte a ser o maior do mundo, porque agora não é mais”.

A previsão é de que as obras sejam concluídas no final do ano. A ocupação e a organização do acervo no novo local devem começar logo em seguida, no início de 2012. O material restante está armazenado em diversos lugares dentro do instituto.

O diretor afirmou ainda que o Butantan continua trabalhando para desenvolver a vacina contra a dengue. Segundo Kalil, o desenvolvimento dessa vacina é mais complicado devido à existência de mais de uma tipologia da doença. “Se o indivíduo tem uma dengue tipo 1 e, depois, pegar do tipo 2 pode ter dengue hemorrágica. Então, a vacina contra a dengue tem que dar proteção para os quatro subtipos, senão podemos induzir a uma doença mais grave se o indivíduo se contaminar”, explicou. A vacina está em fase de testes.

Kalil disse que, para abril, está garantida a produção de 3 milhões de doses da vacina contra a gripe, para a Campanha de Vacinação do Idoso. Até o ano que vem, o Brasil deve se tornar autossuficiente na produção de vacinas contra a gripe comum, com 22 mil doses. A fábrica do Instituto Butantan tem ainda capacidade para produzir vacinas para outros subtipos do vírus.