Alvo preferido dos golpistas na internet é a clonagem de cartões de crédito, afirma delegado
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Além dos golpes baseados em depósitos, ante promessas de emprego ou de mercadorias a preços atrativos, os estelionatários têm avançado no Estado de São Paulo também pelos meios eletrônicos --sobretudo, pela internet. O alvo dos golpistas é basicamente clonagem de cartões de crédito, ainda que, dependendo da investida, ele consiga acesso também a outros dados bancários e pessoais da vítima.
Um inquérito em tramitação na Delegacia de Repressão a Crimes Cometidos por Meios Eletrônicos, no Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado), por exemplo, investiga desde o mês passado uma quadrilha de clonagem de cartões que se vale da internet para aplicar os golpes. Segundo o titular da pasta, o delegado Antonio Sales Lambert, o órgão aguarda decisão judicial para cumprimento de mandados de busca e apreensão na localidade do principal suspeito, em Presidente Venceslau, interior paulista. O homem é suspeito de colocar e manter no ar, conforme o delegado, um site que pede doações em nome da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) e por uma suposta “campanha de arrecadação de fundos 2011” --as doações variam entre R$ 5 e R$ 20.
“Rastreamos e vimos que se trata de uma página falsa, tanto que a própria AACD nos acionou com a denúncia, já que a campanha deles, via Teleton, se encerrou em dezembro de 2010. A quadrilha disponibiliza um telefone. Pela ligação, pega os dados do cartão da vítima e o clona --a intenção em si, portanto, nem é a doação”, afirmou o delegado.
De acordo com o Lambert, o cidadão que quiser efetuar doações precisa estar atento e não fornecer dados de cartão. “A sugestão que damos sempre é que a pessoa peça boleto bancário, porque, se for golpe, a polícia tem como chegar ao criminoso. E claro, tudo que se solicitar de dados pessoais, tem que haver precaução --sempre."
Segundo o delegado, o avanço de estelionatários que se valem de internet e telefones como meios de ação “é inevitável” à medida em que cresce o acesso da população a essas tecnologias. Ele destaca, no entanto, que tradicionais sites de compras pela web podem hospedar estelionatários mesmo sem saber.
"Brasileiro cresce o olho quando vê, por um exemplo,um iPhone muito mais barato. Mas é aquilo: quando a esmola é grande, tem que desconfiar; tem que saber diferenciar desconto bom do que é pilantragem. Não existe, por exemplo, TV de 50 polegadas por R$ 500 --e tem gente que deposita para o golpista achando que vai receber o produto, e não recebe."
No caso das compras, o policial pede que o cidadão peça para ver a mercadoria. “Não adianta ter só um celular de contato do vendedor. E mesmo de empresas, há mecanismos como Procon e sites de ajuda, como Reclame Aqui, pelos quais se pode se prevenir de empresas ou empresários mal intencionados”, pondera.
Receita e bancos
Sobre a captação de dados bancários e pessoais para clonagens posteriores, o delegado informou ainda que cuidados devem se estender a e-mails supostamente enviados pela Receita Federal e por bancos. “Ambos nunca pedem senha de cartão de cliente, sequer mandam e-mails aos clientes ou contribuintes. Não apenas isso, mas a pessoa de um modo geral tem que saber que, com e-mail cuja procedência é de um desconhecido, tem que ter cuidado.”
Assim como em panfletos e outros anúncios impressos, o falso empréstimo financeiro também cresce pela divulgação na internet. “Gente que ‘empresta’ R$ 150 mil sem dificuldades, desde que seja pago um adiantamento para liberar o dinheiro, acontece muito --e com muita gente desempregada, sempre vai ter alguém vulnerável que acredita nisso. Tem que se informar, não tem outro jeito", finaliza Lambert.
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