Josmar Jozino

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Reportagem

Caso Gritzbach: PM da Rota abriu bares com dinheiro do PCC, diz inquérito

Um cabo que atuou na AI (Agência de Inteligência) da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) montou dois bares e uma adega com dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo investigações da Corregedoria da Polícia Militar.

O PM é suspeito de ser um dos militares investigados pela Corregedoria da corporação que mais repassou informações sobre operações policiais sigilosas para narcotraficantes da zona leste de São Paulo ligados ao alto escalão do PCC, em troca de dinheiro.

A Corregedoria instaurou um IPM (Inquérito Policial Militar) para investigar denúncias sobre o envolvimento do cabo e de outros militares com o PCC, como divulgado com exclusividade por esta coluna no último dia 27.

No IPM consta que "informações de inteligência dão conta de que o cabo e outro colega de farda, sócio dele, da mesma patente e lotado no 8º Batalhão (Tatuapé), receberam quantias expressivas de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e Cláudio Marcos de Almeida, o Django, já falecidos".

O PM e o sócio abriram dois estabelecimentos, ambos chamados Rota's, em homenagem à tropa de elite da PM paulista. Um dos bares ficava no Jardim Helena, na zona leste de São Paulo. Em junho de 2022, o estabelecimento comercial passou a funcionar como adega. Um outro, restaurante e casa de show com grandes dimensões, foi inaugurado em Itaquera, atraindo centenas de pessoas nos finais de semana.

As investigações apontam que os investimentos feitos pelos dois cabos "demonstram um aumento considerável no poder aquisitivo de ambos, sugerindo enriquecimento ilícito".

Esquema favoreceu rivais de Gritzbach

O IPM diz ainda que além de Cara Preta e Django, os favorecidos pelo esquema seriam Rafael Maeda Pires (o Japa), também falecido, Sílvio Luiz Ferreira (o Cebola), foragido, e o advogado Ahmed Hassan Saleh, preso em 17 de dezembro do ano passado pela Polícia Federal na Operação Tacitus.

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Todos eles eram acionistas da empresa de ônibus UPBUs, da zona leste, investigada por ligação com o PCC, e considerados inimigos do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, assassinado a tiros em 8 de novembro do ano passado no aeroporto internacional de Guarulhos.

Cara Preta foi morto a tiros em dezembro de 2021 no Tatuapé. Gritzbach foi acusado de ser o mandante do assassinato dele e por conta disso recebeu diversas ameaças de morte da facção criminosa. Django e Japa morreram na guerra interna da organização.

Investigação começou após denúncia anônima

Um dos alvos do IPM é um capitão que serviu na Rota durante seis anos e foi comandante de pelotão e chefe da Agência de Inteligência. O cabo que serviu na mesma unidade e montou os bares foi indicado por ele e inclusive atuava também como motorista do oficial.

O autor da denúncia anônima encaminhada à PM contou que o cabo da Inteligência da Rota divulgou diversas informações, inclusive dados de viaturas aos narcotraficantes Cara Preta, Django e Cebola, protegendo os negócios e também as pessoas de interesse desses criminosos.

O capitão não foi citado pelo autor da denúncia. Mas a Corregedoria da PM apurou que ele é amigo pessoal de diversos investigados no inquérito e responsável pela indicação deles para trabalhar na Agência de Inteligência da Rota.

Reportagem

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