Maioria dos haitianos refugiados no Amazonas está empregada e trabalha na construção civil
Dos 1.150 haitianos refugiados que chegaram ao Amazonas no início de janeiro deste ano, 955 -- 83% do grupo -- já conseguiram emprego fixo em menos de três meses. Os dados são da Pastoral de Migrantes do Estado. A maioria dos haitianos que chegou ao Estado amazonense é de homens (750 pessoas).
De acordo com a coordenadora da Pastoral, irmã Osani Silva, 400 habitantes do Haiti desembarcaram em Manaus e, desses, só 25 estão desempregados. No interior, o número de haitianos desempregados é de 175 pessoas. As áreas que mais empregaram os haitianos foram a construção civil, indústria e residências -- algumas refugiadas trabalham como domésticas.
Haitianos têm oportunidade de trabalho em Manaus
“Ficamos felizes porque os amazonenses abraçaram a causa dos irmãos do Haiti”, completou Osani Silva, ressaltando que a maioria deles que viviam de favor na paróquia agora já moram em locais alugados na capital.
Osani disse também que como os haitianos tinham conhecimento mais em trabalho braçal foram absorvidos, principalmente, por construtoras da capital e interior como pedreiros. “Acredito que mais de 60% estão nas construtoras”, afirmou.
Mesmo com dificuldades de falar a língua portuguesa, Raymund Benol, 23 anos, conseguiu ser contratado como pintor numa construtora da capital. “Soube da seleção e fui ao local. Mas fiz testes e eles viram que eu tinha experiência e por isso me contrataram”, afirmou. Raymund disse que agora sua principal meta é alugar um local para morar e mandar dinheiro para a mãe e irmã que estão no Haiti. “Quero fazer isso em breve”, afirmou.
Já Brumis Calixte, 31 anos, e Jean Horry, 35 anos, conseguiram trabalho numa indústria de juta localizada na capital amazonense. Segundo eles, o trabalho foi obtido graças a intermediação da Paróquia da Igreja Católica de São Raimundo, localizado no bairro de mesmo nome, na zona Centro-Oeste de Manaus. Os dois trabalham na empresa como operadores de máquina.
“Tivemos muito apoio da igreja e agora queremos recompensar essa bondade”, declarou Calixte. “Não foi difícil aprender o trabalho, só basta ter muita atenção”, completou Horry. Eles confessaram que no Haiti nunca haviam trabalhado numa indústria. “Éramos pintores e motoristas lá”, afirmaram.
Envolvimento com crime
Ao saber que haitianos desembarcaram no Amazonas, a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho no Estado fizeram uma campanha para colocar os refugiados no mercado de trabalho. Na semana passada, os dois órgãos apresentaram uma proposta para a assinatura de um termo de cooperação para qualificação profissional dos haitianos.
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Segundo o superintendente regional do Trabalho, Alcino Santos, um dos principais receios das autoridades do Amazonas era o envolvimento dos haitianos com o crime. “Era um grupo de pessoas que corria risco de se envolver com o crime, caso não tivessem emprego. Por essa razão, resolvemos ajudar assim como ajudamos também os amazonenses”, afirmou Alcino, lembrando que periodicamente a Superintendência promove cursos gratuitos para o trabalhador com o objetivo de inseri-lo no mercado de trabaho.
O assessor de Assuntos Sociais da Central Única de Trabalhadores (CUT) no Amazonas, Adilson de Carvalho, não vê problemas no fato de os haitianos conseguirem emprego em Manaus de forma tão rápida. “Nossa cidade é rica e tem muitas oportunidades. Quem busca encontra. Nossas autoridades dão oportunidades de cursos profissionais gratuitos para quem tiver interesse”, disse.
Carvalho disse também que periodicamente o Sistema Nacional de Emprego, em parceria com o Governo do Amazonas, realiza mutirões para o preenchimento de vagas. “Na semana passada mesmo, o Sine visitou bairros da Zona Norte e Leste de Manaus para levar 1 mil vagas de primeiro emprego”, finalizou.
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