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"Prefiro encarar a realidade do que ficar recuando", diz aluna de colégio em Realengo

Hanrrikson de Andrade

Especial para o UOL Notícias <BR> No Rio de Janeiro

18/04/2011 15h33

Os alunos da 8ª série da escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, retornaram às aulas nesta segunda-feira (18), onze dias depois do massacre protagonizado por Wellington Menezes de Oliveira, 24, que invadiu o colégio armado e matou 12 crianças. No entanto, poucos estudantes compareceram à unidade educacional.

A jovem Taynara Faria, 14, era uma das mais empolgadas com o recomeço do período letivo. "Eu queria voltar o mais rápido possível. Prefiro encarar a realidade do que ficar recuando, sem fazer nada em casa", disse a menina.

A estudante disse que ainda não conseguiu esquecer as cenas de horror do dia 7 de abril e que alguns amigos acabaram se ferindo na tragédia. Porém, ela afirmou ter reagido positivamente ao trauma. "Tudo isso que aconteceu me deu ainda mais vontade de estudar", afirma.

A menina diz que a escola Tasso da Silveira sempre foi um lugar seguro e diz não sentir medo de voltar aos locais nos quais 12 crianças morreram e outras 12 ficaram feridas. "Essa escola é um lugar que eu me sinto bem. Se fosse para ficar 24 horas aqui, eu ficaria.”


Nesta terça-feira, será a vez dos alunos das demais séries regressarem à vida escolar. Durante três semanas, professores e psicólogos vão promover uma série de oficinas culturais e artísticas para facilitar o processo de readaptação. O recomeço efetivo do período letivo está previsto para 9 de maio, segundo a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin.

De acordo com a secretária, as salas do primeiro andar, nas quais Oliveira matou as crianças, foram transformadas em uma biblioteca e um laboratório de ciências. Costin disse que o governo municipal vai atender a todos os pedidos dos pais das vítimas e que uma equipe de psicólogos trabalhará permanentemente no colégio. Além disso, um posto de primeiros socorros será instalado dentro da unidade educacional.

Entenda o caso

No dia 7 de abril, por volta de 8h30, Wellington Menezes de Oliveira entrou na escola dizendo que iria apresentar uma palestra. Já na sala de aula, o jovem de 24 anos sacou a arma e começou a atirar nos estudantes.

Segundo testemunhas, o ex-aluno da escola queria matar apenas as alunas virgens. Wellington deixou uma carta com teor religioso, onde orientava como queria ser enterrado e deixada sua casa para associação de proteção de animais.

O ataque, sem precedentes na história do Brasil, foi interrompido após um sargento da polícia, avisado por um estudante que conseguiu fugir da escola, balear Wellington na perna. De acordo com a polícia, o atirador se suicidou com um tiro na cabeça após ser atingido. Wellington portava duas armas e um cinturão com muita munição.