"Prefiro encarar a realidade do que ficar recuando", diz aluna de colégio em Realengo
Os alunos da 8ª série da escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, retornaram às aulas nesta segunda-feira (18), onze dias depois do massacre protagonizado por Wellington Menezes de Oliveira, 24, que invadiu o colégio armado e matou 12 crianças. No entanto, poucos estudantes compareceram à unidade educacional.
A jovem Taynara Faria, 14, era uma das mais empolgadas com o recomeço do período letivo. "Eu queria voltar o mais rápido possível. Prefiro encarar a realidade do que ficar recuando, sem fazer nada em casa", disse a menina.
A estudante disse que ainda não conseguiu esquecer as cenas de horror do dia 7 de abril e que alguns amigos acabaram se ferindo na tragédia. Porém, ela afirmou ter reagido positivamente ao trauma. "Tudo isso que aconteceu me deu ainda mais vontade de estudar", afirma.
A menina diz que a escola Tasso da Silveira sempre foi um lugar seguro e diz não sentir medo de voltar aos locais nos quais 12 crianças morreram e outras 12 ficaram feridas. "Essa escola é um lugar que eu me sinto bem. Se fosse para ficar 24 horas aqui, eu ficaria.”
Cronologia do massacre em Realengo
Nesta terça-feira, será a vez dos alunos das demais séries regressarem à vida escolar. Durante três semanas, professores e psicólogos vão promover uma série de oficinas culturais e artísticas para facilitar o processo de readaptação. O recomeço efetivo do período letivo está previsto para 9 de maio, segundo a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin.
De acordo com a secretária, as salas do primeiro andar, nas quais Oliveira matou as crianças, foram transformadas em uma biblioteca e um laboratório de ciências. Costin disse que o governo municipal vai atender a todos os pedidos dos pais das vítimas e que uma equipe de psicólogos trabalhará permanentemente no colégio. Além disso, um posto de primeiros socorros será instalado dentro da unidade educacional.
Entenda o caso
No dia 7 de abril, por volta de 8h30, Wellington Menezes de Oliveira entrou na escola dizendo que iria apresentar uma palestra. Já na sala de aula, o jovem de 24 anos sacou a arma e começou a atirar nos estudantes.
Segundo testemunhas, o ex-aluno da escola queria matar apenas as alunas virgens. Wellington deixou uma carta com teor religioso, onde orientava como queria ser enterrado e deixada sua casa para associação de proteção de animais.
O ataque, sem precedentes na história do Brasil, foi interrompido após um sargento da polícia, avisado por um estudante que conseguiu fugir da escola, balear Wellington na perna. De acordo com a polícia, o atirador se suicidou com um tiro na cabeça após ser atingido. Wellington portava duas armas e um cinturão com muita munição.
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