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Ex-namorada e acusado por morte de irmãs em Cunha (SP) ficam frente a frente, mas não abrem a boca

Rodrigo Machado

Especial para o UOL Notícias<br>Em São José dos Campos

17/05/2011 18h02

O principal suspeito de ter matado as irmãs Josely de Iliveira, 16, e Juliana Oliveira, 15, em Cunha, a 231 km de São Paulo, Ananias dos Santos, 27, e a enfermeira e ex-namorada Maria José da Silva, 50, "não abriram a boca" durante acareação na tarde desta terça-feira na DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Guaratinguetá.

Prevista para começar às 14h de hoje, a acareação só teve início às 16h15 com a chegada de Ananias da Penitenciária 1 de Potim, para onde ele foi transferido e está preso desde o último dia 5. Tanto Ananias quanto a enfermeira não quiseram falar sobre o crime das adolescentes ocorrido em 23 de março último na zona rural da cidade, segundo o delegado titular da DIG, Homero Vilela Vieira.

“Fiz uma série de perguntas a fim de esclarecer algumas partes ‘obscuras’ no inquérito, mas os dois se recusaram a falar. Eles ficaram um de frente do outro, mas Ananias estava nervoso e disse que foi orientado a não comentar mais nada sobre o assunto se não estivesse na presença de um juiz”, disse o delegado ao UOL Notícias.

Segundo Vieira, a própria legislação brasileira dá o direito ao suspeito em não falar quando não se está na presença do juiz. “O que fizemos foi atender também ao pedido do promotor (Gabriel Kfouri) para esclarecer fatos confusos colhidos nos depoimentos de ambos. Resta enviar o inquérito ao Judiciário para julgá-los.”

Agora, a Polícia Civil tem até 9 de junho para retornar o inquérito para o Judiciário. “Temos informações que não podemos divulgar. É segredo de investigação, informações que contribuem para o trabalho da promotoria”, disse.

Durante as investigações, Maria José era considerada a principal testemunha do caso, mas as contradições em seus depoimentos, as provas em relação às ligações feitas de seu celular e as dificuldades para esclarecer seu relacionamento com Ananias contribuíram para que ela fosse indiciada por participação no assassinato das adolescentes.

“Entendemos que ela não participou diretamente da execução das jovens, mas auxiliou Ananias dos Santos durante o planejamento do crime. Ela fez ligações para Ananias minutos antes de as vítimas serem mortas e outro contato após a execução”, disse.

Na Penitenciária 1 de Potim, Ananias permanece em cela separada. Ele retornou à prisão logo após o fim da tentativa de acareação. O acusado foi ouvido no último dia 3, quando reforçou o motivo do crime ter sido a maneira como ele estava sendo tratado pelas irmãs. À época ele chegou a confessar que era apaixonado por Juliana.

Maria José foi liberada, mas está à disposição da Justiça. No último dia 29, ela foi indiciada suspeita de participação na morte das irmãs.

Crime

As irmãs desapareceram no dia 23 de março, e os corpos foram encontrados cinco dias depois do crime pela Polícia Militar. Juliana foi morta com quatro tiros e Josely com um tiro no peito e outro na cabeça. Os corpos também tinham sinais de violência. Exames apontaram que ambas não sofreram violência sexual.

Santos, que chegou a entrar na lista dos criminosos mais procurados do Estado de São Paulo, é condenado por roubo, formação de quadrilha, porte ilegal de arma e contrabando ilegal em Lorena e Cachoeira Paulista, entre 2002 e 2003.

Ele era foragido do Pemano (Centro de Progressão Penitenciária dr. Edgar Magalhães Noronha), de Tremembé, desde março de 2009, quando recebeu permissão para saída temporária de Páscoa. Ele também é alvo de investigação da morte de um casal de Parat, no Rio de Janeiro. O caso ainda é apurado pela polícia carioca.