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"Não vou pedir habeas corpus", diz advogado da jovem que matou amante em Niterói (RJ)

Hanrrikson de Andrade

Especial para o UOL Notícias<br>No Rio de Janeiro

17/05/2011 16h21

Rodolfo Thompson, advogado da estudante Verônica Verone de Paiva, 18, que confessou ter assassinado o amante no último fim de semana em um motel de Itaipu, afirmou que não entrará com pedido de habeas corpus para sua cliente. Ele afirmou não discordar dos métodos com os quais a Polícia Civil está conduzindo as investigações.

A delegada Juliana Rattes ainda aguarda o laudo do Instituto Médico Legal para identificar a causa da morte. Verônica foi transferida na tarde desta terça-feira (17) para o presídio Bangu 7, no complexo penitenciário de Gericinó, zona oeste do Rio de Janeiro. Ela estava detida na 77ª DP (Icaraí).

A Justiça expediu mandado de prisão preventiva contra a acusada, que argumenta ter matado o empresário Fábio Gabriel Rodrigues, 33, em legítima defesa. Segundo ela, o amante estava sob efeito de drogas e teria tentado estuprá-la no quarto de um motel da estrada Francisco da Cruz Nunes, em Niterói, o que gerou uma reação instintiva. O corpo da vítima foi encontrado por funcionários do motel no último sábado (14).

Thompson afirmou que a acusada sofre de problemas psiquiátricos e usa remédios controlados, informação esta ainda não confirmada pela Polícia Civil. Os investigadores acreditam que a jovem teria enforcado o empresário em razão de um acesso de raiva. Há ainda uma outra hipótese sobre morte por envenenamento. Por enquanto, os resultados periciais indicam apenas que Rodrigues sofreu lesões no pescoço e na cabeça, sendo esta última provocada por um empurrão.

A Polícia Civil também está checando se uma terceira pessoa participara da cena do crime, já que a acusada disse ter arrastado o namorado morto até a garagem. Como o empresário pesava cerca de 90 quilos, existe a suspeita de que a adolescente tenha contado com ajuda de alguém para carregar o corpo da vitima. Ainda não há conclusões periciais sobre tal hipótese.

Para ajudar a elucidar o caso, a polícia está analisando as imagens do circuito interno do motel. De acordo com a delegada Juliana Rattes, as gravações mostram Verônica e um homem entrando pela garagem em uma picape branca. No entanto, ainda não é possível identificar se este homem era o empresário ou um hipotético cúmplice.

O corpo de Fábio Gabriel Rodrigues foi enterrado no último domingo (15) no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio.

Incertezas

Um amigo e a ex-esposa de Rodrigues disseram em depoimento que a vítima chegou a comentar sobre uma suposta gravidez de Verônica. No entanto, não há testemunhas do fato, e a jovem negou em depoimento ter feito um aborto, de acordo com a delegada Juliana Rattes.

Já relatos de parentes do empresário dão conta de que Verônica estava fazendo ameaças ao amante no período anterior à morte. Com ciúme de que ele pudesse se aproximar de outra mulher, ela teria dito que se ele não ficasse com ela "não ficaria com mais ninguém".

Para fugir do motel após o crime, Verônica usou a picape branca do amante. Os investigadores encontraram no carro o resto de um cigarro de maconha e um pó branco ainda não identificado. Na versão da acusada, apenas Rodrigues usou drogas na noite do último sábado.

Segundo a polícia, a adolescente foi indiciada por homicídio qualificado por motivo fútil e tentativa de ocultação de cadáver. Se condenada, ela pode pegar até 30 anos de prisão.