Topo

Foragida há três décadas, "viúva negra" brasileira é procurada pela Interpol

Fabíola Ortiz<br>Especial para o UOL Notícias

No Rio de Janeiro

20/05/2011 10h31

Após matar três maridos e enterrar um namorado, a advogada gaúcha Heloísa Borba Gonçalves, de 61, conhecida como “viúva negra” e foragida há quase três décadas, está na mira da Interpol, a polícia criminal internacional.

“Posso afiançar que as investigações sobre o seu paradeiro, visando à sua captura, estão bastante evoluídas, sendo possível afirmar que ainda este ano sua carreira delitiva será interrompida” afirmou ao UOL Notícias o delegado da Interpol no Rio de Janeiro, Paulo Ricardo Oliveira.

A criminosa, que tem desafiado as autoridades, entrou em fevereiro deste ano para a lista oficial de procurados pela Interpol em 188 países, mas já estava sendo procurada desde julho do ano passado pela polícia internacional.

Segundo a representação da Interpol no Rio de Janeiro, as informações mais recentes dão conta de que a "viúva negra" vive nos Estados Unidos desde 1994. A criminosa estaria circulando na Califórnia, Flórida, Nova York e Virgínia e teria sido vista em maio de 2010 em Boca Raton, na Flórida.

A polícia internacional afirma estar em contato com o FBI, a polícia federal norte-americana, e demais agências de segurança nos EUA.

A dificuldade de encontrá-la se deve às variações de nomes que ela utiliza para não ser rastreada. Segundo a Interpol, a gaúcha estaria utilizando pelo menos oito identidades, com alterações do sobrenome do atual marido, o peruano Vicente Lopez Huaman, e de outros três ex-maridos.

“Ela tem conseguido permanecer foragida em razão da utilização de oito nomes falsos, além de possuir considerável capacidade financeira e ter familiares morando no exterior”, afirmou o delegado Oliveira.

Segundo explicou o representante da Interpol no Rio, a procura por Heloísa é “oriunda de um processo criminal pela acusação de homicídio contra um marido, porém há notícias de que esta teria atentado contra a vida de mais três pessoas, maridos ou companheiros”.

Entenda o caso

Após faltar a quatro julgamentos no 1º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, Heloísa Borba Gonçalves pode ser condenada mesmo que falte ao próximo julgamento, marcado para o dia 26 de Julho deste ano.
A condenação pode ocorrer graças à Lei da Cadeira Vazia, de 2008, que permite que o julgamento possa ser realizado, em casos de seguidas faltas do réu.
Ela já foi condenada a quatro anos e seis meses pela 19ª Vara Criminal do Rio, pelos crimes de bigamia e falsidade ideológica, onde também foi expedido um mandado de prisão em desfavor da procurada. A viúva negra também já foi denunciada por fraude no INSS.
A criminosa assina com os nomes de Heloísa Saad, Heloísa Gonçalves Duque Soares Ribeiro e Heloisa Gonçalves Duque Soares.

A "viúva negra" foi denunciada em 2004 pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por envolvimento na morte de um dos seus ex-maridos, o coronel Jorge Ribeiro, em 1992.

Segundo a Interpol, o caso é complexo, pois a gaúcha é acusada de cometer quatro homicídios e duas tentativas de assassinato, além de praticar crimes como bigamia, falsidade ideológica e ter acumulado um patrimônio milionário, destacou Oliveira.

Ela casou-se quatro vezes e namorou outros três homens. Heloísa teria tido filhos e herdado bens. Após a morte das pessoas com quem se relacionou, ela teria herdado pelo menos sete apartamentos em Copacabana, três no Leblon, duas casas no Jardim Botânico, três lojas e um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Os bens estariam estimados em R$ 20 milhões.

Recompensa de R$ 11 mil

O Disque-Denúncia resolveu elevar para R$ 11 mil a recompensa por informações que indiquem o esconderijo da "viúva negra" -- este é um dos valores mais altos oferecidos pelo Disque-Denúncia.

Segundo o coordenador Zeca Borges, o Disque-Denúncia ofereceu inicialmente um valor de R$ 2 mil, mas os parentes das vítimas se cotizaram e aumentaram o valor da recompensa e ofereceram mais R$ 9 mil por uma informação que leve a sua captura.

“As recompensas que nós oferecemos variam de R$ 2 mil, R$ 5 mil e raramente chegam a R$10 mil. Mas há casos particulares que familiares de vítimas nos procuram para oferecer uma recompensa maior. Nós concordamos e tivemos a autorização da Secretaria de Segurança”, afirmou ao UOL Notícias.

Zeca Borges disse ainda que o Disque-Denúncia está em contato direto com a Interpol e que, desde o início da campanha de procura pela Heloísa Borba Gonçalves em 24 de abril, já recebeu 38 ligações relatando possíveis locais onde ela possa estar escondida. As informações já estão sendo analisadas pela polícia. “Não fazemos nada sem o conhecimento da Interpol. Basta que uma informação seja verdadeira”, ressaltou Borges.

Segundo Ulysses Serrado, coordenador do Projeto Procurados do Disque-Denúncia, as informações sobre possíveis locais de esconderijos no Brasil apontam que ela pode estar no Rio Grande do Sul, Paraná e em bairros da Barra da Tijuca e Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e também em Icaraí, Niterói.