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Justiça do Rio autoriza quebra de sigilo telefônico de jovem que matou amante em motel

Hanrrikson de Andrade

Especial para o UOL Notícias<br> No Rio de Janeiro

23/05/2011 13h55

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro autorizou nesta segunda-feira (23) a quebra de sigilo telefônico da estudante Verônica Verone, 18, assassina confessa do amante Fábio Rodrigues Gabriel, 33, no quarto de um motel em Niterói, na região metropolitana do Rio.

Os investigadores esperam encontrar novas pistas a partir das conversas que a jovem teve pelo celular. O pedido foi encaminhado pela delegada do caso, Juliana Rattes, da 77ª DP (Icaraí).

Além de verificar se a morte do empresário fora ou não premeditada, a polícia estuda a suposta participação de uma terceira pessoa na cena do crime. O primeiro indício que fortalecia tal tese já foi verificado.

Peritos que participaram da reconstituição simulada confirmaram que Verônica seria capaz de carregar sozinha o corpo da vítima. Porém, a hipótese ainda não foi totalmente abandonada. Os laudos conclusivos ficarão prontos somente daqui a 30 dias.

A reconstituição ocorreu no último sábado (20), na suíte 143 do motel Status, em Itaipu (região oceânica de Niterói), exatamente uma semana após o crime. Um saco de areia com aproximadamente 90 kg (peso da vítima) foi utilizado durante a simulação, além da picape branca usada por Verônica na noite do assassinato.

Todas as etapas da reconstituição --que durou mais de cinco horas-- foram cronometradas, e as conclusões serão confrontadas com os depoimentos colhidos pela polícia, em especial o da acusada.

Imagens do circuito de segurança do motel mostram que ela chegou acompanhada de um homem, porém ainda não foi possível identificar se era Rodrigues ou um possível cúmplice.

Há ainda outras hipóteses, a exemplo de uma possível morte por envenenamento. A delegada Juliana Rattes quer urgência na entrega dos resultados dos laudos toxicológicos e de causa da morte. Especula-se até que Rodrigues possa ter sido vítima de overdose.

Na última quinta-feira, a Justiça deferiu a extensão por mais 25 dias da prisão temporária de Verônica. Ela segue detida em Bangu 7, no complexo penitenciário de Gericinó, na zona oeste Rio.

O advogado da suspeita afirmou na semana passada que não entrará com pedido de habeas corpus, pois não identifica irregularidades nos métodos com os quais a Polícia Civil conduz o caso.

Ele alega que Verônica foi vítima de violência sexual quando tinha sete anos, o que supostamente teria influenciado o ato criminoso. Além disso, argumenta que a jovem sofre de síndrome do pânico e usa vários remédios controlados.

Sem marcas de estrangulamento

Um exame preliminar feito por peritos que estiveram no local do crime e analisaram fotos do cadáver indicam que o corpo da vítima não apresenta marcas perceptíveis de estrangulamento.

Segundo a delegada Juliana Rattes, não há "sinais externos" que confirmem a versão da estudante de 18 anos - ela disse ter enforcado o rapaz com um cinto. No entanto, a argumentação da jovem poderá ser realmente contestada a partir da divulgação do exame cadavérico.

Em depoimento, a adolescente afirmou ter matado o empresário em legítima defesa. Segundo ela, o amante estava sob efeito de drogas e teria tentado estuprá-la no quarto de um motel da estrada Francisco da Cruz Nunes, em Niterói, o que gerou uma reação instintiva.

O corpo da vítima foi encontrado por funcionários do motel na noite do crime. A polícia, porém, desconfiou da versão apresentada pela jovem e ela foi presa dois dias depois.

A mãe de Verônica, Elisabete Verone, que foi à delegacia na semana passada utilizando uma máscara de uso hospitalar para proteger sua identidade, prestou depoimento de mais de cinco horas e não falou com os jornalistas ao sair.

De acordo com as informações passadas para a imprensa, ela acrescentou poucos detalhes ao processo de investigação, mas disse que Rodrigues nunca residiu na casa da família da acusada. Em depoimento, a jovem teria dito que ela e o amante chegaram a morar juntos.

Segundo a polícia, a adolescente foi indiciada por homicídio qualificado por motivo fútil e tentativa de ocultação de cadáver. Se condenada, ela pode ser punida com até 30 anos de prisão.