Defesa de Nino Abravanel pede anulação de provas e quer depoimento remoto

A defesa do influenciador Nino Abravanel protocolou pedido à Justiça para que as provas da investigação sejam anuladas e que o investigado seja ouvido de forma remota. O influencer e o irmão dele são suspeitos de matar um homem na zona sul de São Paulo.

O que aconteceu

A defesa de Nino Abravanel, cujo nome é Deivis Costa Silva, e Deric, Costa Silva, seu irmão, pediu anulação das provas da polícia. De acordo com o advogado Felipe Cassimiro, os pedidos de prisão temporária se basearam em "depoimento informal".

Nino e o irmão são suspeitos de planejar e matar Tarcísio Gomes Silva. Outras quatro pessoas, segundo a polícia, teriam participado do crime.

Pedido de nulidade das provas foi encaminhado à Justiça. No ofício, Cassimiro narra que há uma série de erros no processo de investigação, e que isso teria culminado em um pedido irregular de prisão de Nino e do irmão.

Defesa questiona obtenção das imagens de câmeras de segurança. Segundo Cassimiro, não é pontuado nos autos como a polícia requisitou as imagens, se foram cedidas ou não. Ele cita ainda uma data incorreta que aparece em uma das imagens utilizadas como prova - questionando a validade do uso.

Advogado alega falha processual. Em outro argumento para pedir a nulidade das provas, a defesa de Nino Abravanel diz que o depoimento de um dos envolvidos no caso foi colhido sem devido registro e sem que o suspeito tivesse sido informado sobre seu direito ao silêncio.

Segundo Cassimiro, a testemunha que apontou os irmãos como possíveis responsáveis pela morte, que seria o dono de um carro usado no crime, foi "ouvida informalmente". Esta testemunha teria dito que Deric disparou contra Tarcísio e Nino conduziu a fuga deles do local dos disparos. "Agora eu pergunto: por que essa confissão não foi formalizada? A gente sabe que existem confissões sob pressão. Como a gente vai dar credibilidade a uma confissão informal?", finalizou.

Defesa quer que Nino seja ouvido por videoconferêcia

Polícia concluiu que Deric e Nino planejaram e mataram Tarcísio. No relatório de investigação, a polícia concluiu que a prisão temporária era legal, pois "após análise de todo o apurado (informações e imagens), conclui-se que crime se deu por vingança a uma agressão sofrida pelo Sr. Valdeci, avô do autor Deric e seu irmão Deivis, na companhia de outras três pessoas que notadamente já se organizavam para a prática delituosa contra a pessoa de Tarcísio, tendo em vista toda preparação (trajes, veículos, local de fuga, etc)".

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A polícia pediu a prisão temporária dos irmãos. Contudo, até esta terça-feira (2), Nino e Deric ainda não foram encontrados. Ao UOL, o advogado de defesa de ambos, Felipe Cassimiro, negou que eles tenham participado do homicídio. Ele ainda alegou que desconhece o paradeiro dos dois.

Defesa vai pedir, ainda, que Nino seja ouvido por videoconferência — impossibilitando-o de receber voz de prisão. Segundo o advogado, a diretora do DHPP, Ivalda Aleixo, disse que é de interesse ouvir o suspeito. No entanto, ele critica que durante toda a investigação, ele sequer foi informado da necessidade disso.

Entenda o caso

Tarcísio foi morto com tiros na nuca e na cabeça. O homem levou 11 tiros e foi achado morto próximo a um terminal de ônibus na zona sul de São Paulo no dia 19 de maio.

Para a polícia, os irmãos orquestraram o homicídio por vingança. Segundo os autos obtidos pelo UOL, a investigação apontou que uma pessoa envolvida no caso disse à polícia que Deric e Nino estavam à procura de Tarcísio após descobrirem que o homem havia, no mesmo dia, espancado o avô dos suspeitos. Valdeci Ferreira, que criou Deric e Nino, não resistiu aos ferimentos e morreu horas após as supostas agressões de Tarcísio.

Polícia realiza buscas para encontrar e prender os irmãos. As diligências são realizadas pelo DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa), que também busca a elucidação do crime, informou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo.

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Caso ganhou repercussão nas redes sociais

O caso ganhou repercussão nesta semana após fotos da vítima e o boletim de ocorrência vazarem na internet. Comentários circularam "vangloriando" a suposta vingança do influenciador e do irmão. Nino Abravanel é popular nas redes sociais e ganha dinheiro expondo seu estilo de vida e promovendo jogos de azar em seus perfis.

Advogado entrou com habeas corpus para revogar o pedido de prisão dos clientes. De acordo com Cassimiro, os pedidos de prisão dos clientes foram irregulares, pois os suspeitos não foram intimados a depor sobre o caso. O defensor também diz desconhecer o recebimento do mandado de prisão.

Irmão da vítima disse ao UOL que Tarcísio "dava trabalho" aos familiares. Segundo ele, o irmão usava drogas e já havia cometido crimes como furto e tentativa de homicídio. Conforme o irmão, que prefere não ser identificado, Tarcísio acumulava desavenças. A reportagem apurou que Tarcísio respondeu na Justiça por crimes em Pernambuco e em São Paulo. O homem chegou a ficar preso por cerca de dois anos.

Tarcísio matou brutalmente o avô dos meninos. A gente não sabe os motivos, mas podemos olhar o histórico dele com crimes de violência e até o irmão narrou o envolvimento de Tarcísio em outros crimes.
Felipe Cassimiro, advogado

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