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Garoto de Belo Horizonte emociona internautas com "funk consciente" dedicado à avó

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias<br>Em Belo Horizonte

09/06/2011 07h00

Veja o vídeo

O garoto Yuri Faria de Andrade, 12 anos, tornou-se sucesso na internet após difundir na rede vídeos nos quais afirma cantar funk considerado “consciente”. Um dos que mais fazem sucesso na curta carreira do menino é um que ele gravou no primeiro semestre do ano passado em homenagem à avó, que morreu em abril passado aos 65 anos. No vídeo, Marlene Gusmão de Andrade aparece ao lado do neto, que disse ter sido criado por ela e a quem “amou acima de tudo”.

A morte da avó quase encerrou a precoce carreira do adolescente, mas, segundo o pai, que é produtor do filho, o garoto soube lidar com a situação e almeja prosseguir na carreira musical.

“Quando eu era muito pequenino, a minha avó gostava demais de mim. E como a minha mãe gostava demais da minha avó, ela me deixou morar com a minha avó”, contou o garoto, cujos pais são separados.

Apesar da tristeza, Yuri disse lembrar da avó com carinho e admiração. “Ela sempre me ensinou a abraçar e gostar dos outros. Ela sempre me ensinou boas coisas”, afirmou o jovem, que adotou o nome artístico de “Yuri BH” e mora em bairro da periferia de Belo Horizonte.

Segundo ele, Marlene Andrade sempre o incentivou e, ao mesmo tempo, cobrou empenho nos estudos. “A música nunca me atrapalhou na escola”, disse o menino, que afirmou sempre tirar “boas notas e ser um dos primeiros da classe”. Ele cursa o sexto ano do ensino fundamental.

Após ter dado uma pausa nas apresentações por conta da morte da avó, ele destacou ter retomado aos poucos as atividades no palco. Em shows, o garoto disse sempre pedir um minuto de silêncio em homenagem a ela para depois introduzir a música dedicada à avó.

Nas horas de folga dos estudos e da música, Yuri revelou gostar de jogos eletrônicos e passear em shoppings com o pai. O retorno financeiro ainda não veio, mas ele contou ter conseguido comprar videogame de última geração com dinheiro dos shows.

O garoto ainda afirmou saber lidar com as frustrações que comumente atingem artistas ainda no início de carreira.

“Já fiz shows com 30 pessoas e achei normal (risos). Mas agora eles não estão ficando vazios. Até hoje, o show que eu fiz, com o maior público, foi na cidade de Sabará (região metropolitana de Belo Horizonte), tinha umas 30 mil pessoas.” As letras das músicas são criadas pelo pai e por amigos.

Shows para menores infratores

Yuri já se apresentou em cidades do interior de Minas Gerais e em outros Estados. Mas, segundo o pai, as performances que mais emocionam o filho são as feitas em unidades de internação de menores infratores.

A procura pela apresentação do filho vem crescendo por responsáveis pelos locais, disse Alex Gusmão de Andrade, 34.  “Ele procura conscientizar os meninos com o funk consciente”, disse Andrade.

O garoto mantém o site www.yuribh.com, no qual estão postados vídeos e agenda de shows. Segundo o pai, somente um dos vídeos de música intitulada “O Crime Não Presta” foi acessado por mais de um milhão de pessoas no You Tube.

“Diretores desses locais começaram a nos contatar pedindo a presença dele, porque os garotos estavam exigindo. Ele também é muito solicitado em escolas”, descreveu.  Na retomada da carreira, Andrade explicou que o filho está tendo aulas de impostação de voz e de inglês. O menino ainda treina nos teclados. “Agora ele está muito bem, graças a Deus”, disse.

Yuri adiantou, em primeira mão à reportagem do UOL Notícias, refrão de música que será lançada em breve. O funk retrata a discriminação feita por família de garota rica a namoro com rapaz de favela e foi batizada de “Gabriela”.

“Sei que não é culpa dela. Gabriela, te amo, mas não largo a minha favela. O problema é o preconceito do pai dela. Gabriela, te amo, mas não largo a minha favela”, cantou Yuri.