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Primeira-dama e vice-prefeito de Campinas (SP) são considerados foragidos da Justiça

Maurício Simionato<br> Especial para o UOL Notícias

Em Campinas (SP)

10/06/2011 10h18Atualizada em 10/06/2011 19h32

A primeira-dama de Campinas (cidade a 93 km de São Paulo) e ex-chefe de gabinete da prefeitura, Rosely Nassim Jorge, e o vice-prefeito da cidade, Demétrio Vilagra (PT), são considerados foragidos da Justiça. Após terem a prisão preventiva decretada na noite de ontem (9), na manhã desta sexta-feira (10) eles ainda não haviam sido encontrados.

Além deles, estão foragidos o ex-secretário de Comunicação Francisco de Lagos, o ex-diretor da Sanasa (empresa de saneamento da cidade) Aurélio Cance Júnior e o ex-diretor de Planejamento Ricardo Cândia.

Todos faziam parte da administração do prefeito Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT), e foram denunciados pelo Ministério Público sob suspeita de integrarem uma organização criminosa que fraudava contratos públicos.

Presos

O ex-secretário de Segurança de Campinas Carlos Henrique Pinto já foi preso pela Corregedoria da Polícia Civil e realizou exame no IML (Instituto Médico Legal) nesta manhã. Henrique Pinto foi candidato a deputado estadual nas últimas eleições, mas não foi eleito. Ele considerado um dos braços direitos do prefeito e chegou a ser cotado como possível candidato à prefeitura nas próximas eleições com apoio de Dr. Hélio.

Também foi preso nesta manhã o ex-diretor comercial da Sanasa, Marcelo de Figueiredo. Os dois foram levados para o CDP (Centro de Deetnção Provisória) de Campinas.

Operação

No dia 20 de maio, foi deflagrada a primeira operação da Polícia Civil e do Ministério Público que atingiu o alto escalão do governo do Dr. Hélio.

O vice-prefeito Demétrio Vilagra chegou a ser preso durante a operação há duas semanas após desembarcar da Espanha, mas foi solto no dia seguinte depois de prestar depoimento ao Ministério Público.

Um relatório do Ministério Público aponta a primeira-dama da cidade e chefe do gabinete do prefeito como a líder de uma suposta “organização criminosa” que fraudava contratos públicos, principalmente nas áreas de habitação, concessão de alvarás e obras diversas. 

As informações sobre as fraudes foram dadas ao Ministério Público pelo ex-presidente da Sanasa (companhia de saneamento da cidade), Luiz Castrilon de Aquino - amigo de infância do prefeito.

Aquino presidiu a Sanasa de 2005 a 2008 e chegou a participar da coordenação de campanha de Dr. Hélio a prefeito.

Segundo os promotores, Aquino participou do esquema, mas se arrependeu e passou a ser o principal delator sobre como funcionava a suposta organização criminosa. Ele aderiu a um programa de deleção premiada para não ser preso.

Pela denúncia de Aquino, a primeira-dama seria a “responsável pela idealização e criação do esquema criminoso”.

O relatório do Ministério Público aponta ainda que o “o núcleo de corrupção da Sanasa foi instalado no início de 2005, tão logo a senhora Rosely assumiu a chefia de gabinete da Prefeitura de Campinas e arregimentou os demais agentes públicos necessários a seu plano criminoso”.

A suposta organização fraudou pelo menos R$ 615 milhões dos cofres públicos, segundo os promotores, principalmente em contratos das áreas de limpeza, segurança e vigilância patrimonial.

As investigações, anunciadas em setembro do ano passado, mostraram que os lobistas Maurício Manduca e Emerson Oliveira trabalharam para o empresário José Carlos Cepera e fraudaram contratos até em outros Estados como Tocantins e Minas Gerais.

Cepera está foragido desde 20 de maio. Segundo as investigações, ele tinha várias empresas em nome de “laranjas”. Já Manduca e Oliveira chegaram a ser presos, mas foram soltos após prestarem depoimento na semana passada.

Impeachment

Uma CP (Comissão Processante) foi instalada na Câmara Municipal de Campinas no dia 30 de maio para investigar o prefeito. As apurações podem resultar no impeachment de Dr. Hélio.

Em uma entrevista coletiva em maio e via Twitter, na semana passada, Dr. Hélio defendeu a inocência da primeira-dama e comentou a exoneração de sua mulher da chefia de seu gabinete ocorrida após a operação policial.

"Aceitei o pedido de exoneração da chefe de gabinete porém, acredito em sua inocência que saberá defender na justiça de Deus e dos Homens!”, escreveu Dr. Hélio em seu twitter.

Em sua defesa entregue à Comissão Processante, apresentada anteontem na Câmara Municipal, Dr. Hélio alegou que o Ministério Público, em nenhum momento, apresentou qualquer acusação contra ele durante as investigações.

Até às 19h30 da noite desta sexta-feira, a primeira-dama e o vice-prefeito continuavam foragidos, e apenas duas das sete pessoas com mandados de prisão haviam sido detidas.

Os presos, o ex-secretário de Segurança Carlos Henrique Pinto e o ex-diretor da Sanasa Marcelo Figuiredo, foram transferidos no início da noite para a sede da Polícia Militar da capital.

Além dos sete mandados de prisão, 22 pessoas foram denunciadas ontem pelo Ministério Público por suposto envolvimento no esquema.