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Gravadores das caixas-pretas estão queimados, diz coronel que investiga queda de avião

Aliny Gama<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Maceió

14/07/2011 18h47Atualizada em 14/07/2011 19h34

O presidente da comissão do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que investiga o acidente com o avião da companhia aérea Noar Linhas Aéreas na quarta-feira (13), em Recife (PE), informou hoje (14) que os dois gravadores das caixas-pretas estão queimados, o que vai dificultar a investigação.

A comissão concluiu hoje a coleta das peças do bimotor, que ajudarão na investigação sobre as causas do acidente. O avião, modelo L-410, faria o percurso Recife-Natal-Mossoró, mas caiu três minutos após a decolagem do aeroporto Gilberto Freyre, na capital pernambucana.

Segundo o coronel Fernando Silva Alves de Camargo, a análise visual das caixas-pretas apontou que os equipamentos estão queimados, mas o Cenipa irá tentar decodificar os dados.

“Eles foram submetidos ao fogo e vamos ter de encaminhá-los ao Cenipa para verificar as condições de leitura lá mesmo ou teremos de mandar para outro laboratório”, disse em entrevista à rádio Força Aérea FM.

As peças recolhidas pelas autoridades foram os dois motores da aeronave L410, os conjuntos de hélices, o painel de alarme, os dois gravadores (caixas-pretas), além de peças pequenas como interruptores e alavancas. Todo o material será enviado para Brasília (DF) no fim de semana para que os técnicos do Cenipa analisem os dados.

Dificuldade de abrir motores

O coronel adiantou que existe uma dificuldade inicial com a abertura dos dois motores da aeronave porque exigem ferramentas específicas, inexistentes no Brasil, uma vez que o modelo L-410 é produzido na República Tcheca. “Estamos avaliando em fazermos esses exames aqui no país, no próprio CTA [Centro Técnico Espacial], ou em oficina no exterior”, informou, explicando que será por meio dos exames conjunturais que vão determinar o motivo da queda do bimotor .

“O que sabemos é que ocorreu um problema na aeronave e o piloto tentou retornar para pouso. Temos de procurar as razões que tenham determinado esse insucesso. Temos elementos que vão nos ajudar a desvendar essa dinâmica. Nessa fase estamos mais coletando dados do que conjecturando a respeito de alguma causa hipotética”, afirmou o coronel.

O Cenipa pretende ainda conhecer o interior do outro avião da companhia Noar. “Essa aeronave é um pouco diferente das operadas por aqui. Queremos conhecer o interior do outro bimotor da empresa para fazermos um mapeamento do painel de alarme. A próxima fase de investigação não será muito simples e se nós pudermos contar com todos os dados, eles vão nos ajudar nas investigações.”

O coronel informou ainda que o processo de decodificação dos dados gravados pelas caixas-pretas será demorado. “Iremos copiar o arquivo bruto com os todos dados da aeronave e ele precisa ser decodificado. Esse processo é o mais demorado porque depende de outras informações de configurações da aeronave”, explicou.

É possível que, após analisar os dados, o Cenipa emita recomendações de uso do bimotor. “O objetivo do nosso trabalho é fazermos recomendações para aumentar os níveis de segurança nos voos. À medida que vão surgindo de indícios de questões e aspectos que surjam, mesmo que não sejam relacionados diretamente deste acidente, vamos informar. Se nos deparados com aspectos que podem ser melhorados também estaremos emitido recomendação”, finalizou.

Corpos identificados

Oito corpos das 16 vítimas da queda já foram identificados. O IML (Instituto Médico Legal) do Recife confirmou, em entrevista coletiva no final da tarde desta quinta-feira (14), a identificação de sete corpos, entre eles o do piloto Rivaldo Cardoso, 68, e o do copiloto Roberto Gonçalves, 55.

Os demais identificados são: Marcelo Campelo, Ivanildo Santos Filho, Natã Braga da Silva, Maria da Conceição Oliveira e Antônia Fernanda Jalles (veja aqui todas as vítimas). Todos foram identificados com as digitais e morreram por politraumatismos, segundo os laudos.

O oitavo corpo é de Raul Farias, segundo informou ao UOL Notícias um parente dele que foi até o IML. Procurado pela reportagem, o instituto disse que a identificação dos demais corpos só será confirmada por meio de boletins --o próximo será divulgado apenas nesta sexta-feira (15).

O governo de Pernambuco montou uma força-tarefa com médicos-legistas, peritos criminais e papiloscopistas para identificar as vítimas. Segundo boletim do IML, foi possível extrair as digitais de 11corpos, o que pode facilitar a identificação por meio da comparação com dados dos institutos de identificação. Porém, apesar da coleta, não é garantida a identificação pelas digitais. Já os outros cinco corpos, que teriam sido mais carbonizados com o incêndio pós-explosão, terão que ir para exame de arcada dentária ou comprovação por DNA, que têm prazos mais longos para conclusão.

Veja o local do acidente