Caso Anic: réu comprou lençol em motel para esconder corpo, diz defesa
A advogada de Lourival Correa Netto Fadiga, assassino confesso da advogada Anic Peixoto Herdy, contou detalhes relatados por seu cliente sobre o crime. A vítima estava desaparecida desde fevereiro e seu corpo foi encontrado em setembro, concretado na garagem da casa do assassino.
O que aconteceu
Lourival comprou lençol usado para esconder corpo da vítima em um motel. De acordo com a advogada Flávia Pinheiros Fróes, que representa Lourival, ele contou que adquiriu o lençol no próprio motel para onde ele levou Anic, onde a vítima foi morta.
Camareira do motel notou a presença de sangue no quarto, mas o assassino justificou que Anic estaria menstruada, conforme a advogada. Ainda segundo a defesa, a algema encontrada com o cadáver da vítima "era devido a uma fantasia que ela tinha". Quando o corpo da vítima foi encontrado, os agentes notaram que ela estava com a aliança de casamento, próteses de silicone e uma algema presa em um dos pulsos.
Policial encontrou objetos na casa de Lourival. Agentes da Polícia Civil do Rio de Janeiro estiveram no local na segunda-feira (21), escavaram a propriedade e encontraram um lençol, uma venda e uma lingerie que pertencia à vítima.
Polícia marca reconstituição
A Polícia Civil do Rio de Janeiro marcou para esta quarta-feira (23) a reprodução simulada do crime. A polícia vai reconstituir os últimos momentos de Anic com vida.
Reconstituição terá a presença de Lourival. A reprodução vai ocorrer no Hotel Fujima, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.
Advogada do assassino afirma que a reconstituição vai "confirmar o que Lourival narrou". "É importante deixar claro que não houve extorsão antes da morte", diz Fróes.
Defesa afirma que Lourival premeditou o crime. O assassino confessou que matou Anic por asfixia, em seguida enrolou o corpo em um lençol e transportou até a casa dele, em Teresópolis, onde concretou o cadáver em sua garagem.
Ainda segundo a defesa de Lourival, o crime foi encomendado pelo marido de Anic, Benjamin Cordeiro Herdy. Os advogados de Herdy, no entanto, negam as acusações.
Relembre o caso
Anic, 54, era advogada e estudante de psicologia. Estava casada havia duas décadas com Benjamin Cordeiro Herdy, herdeiro de uma família que foi proprietária de um importante grupo educacional no Rio.
A mulher desapareceu no fim da manhã de 29 de fevereiro, pouco após sair a pé de um shopping de Petrópolis. Imagens do circuito de monitoramento do centro comercial mostram o momento em que ela estaciona o carro e troca mensagens por celular. Minutos depois, uma câmera do lado de fora flagra a advogada atravessando uma rua. Depois disso, ela não foi mais vista com vida.
No mesmo dia, Benjamin recebeu mensagens de um dos celulares utilizados pela mulher. Os textos exigiam pagamento de resgate no total de R$ 4,6 milhões, diziam que a casa da família estava sendo monitorada em tempo real e que ninguém deveria acionar a polícia. O resgate foi pago nos dias seguintes, mediante transferências bancárias e saque em espécie.
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Quero receberA Polícia Civil de Petrópolis só foi acionada duas semanas após o desaparecimento. Àquela altura, o resgate já havia sido pago. Os agentes foram informados do desaparecimento após a denúncia de uma filha, que chegou a gravar uma conversa entre Benjamin e Lourival.
Trabalho de investigação levou aos acusados. Os policiais acessaram os telefones de todos os envolvidos e cruzaram dados de localização do dia do sequestro e do pagamento dos resgates. Segundo mostrou o Fantástico, da TV Globo, foi possível comprovar que Lourival não esteve em uma favela para supostamente pagar os criminosos, mas em uma concessionária na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Compra de quase mil celulares. No local onde esteve, ele comprou uma caminhonete avaliada em R$ 500 mil e uma moto. Também adquiriu 950 aparelhos celulares, que foram levados a uma loja da família.
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